Um número "significativo" de jovens mulheres se prostituiu para o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, segundo um documento divulgado na segunda-feira por promotores que o investigam.
Eles também suspeitam que o premiê tenha permitido que várias delas, em troca de sexo, usassem gratuitamente apartamentos em um condomínio próximo a Milão.
O documento, divulgado no site da Câmara dos Deputados, detalha acusações levantadas por magistrados que investigam se Berlusconi pagou para fazer sexo com a marroquina Karima el Mahroug, vulgo "Ruby", uma dançarina de boate, então com 17 anos.
Os promotores enviaram o documento à Câmara para justificar seu pedido de busca e apreensão no escritório de uma pessoa ligada a Berlusconi, acusada de ter feito os pagamentos às mulheres. Uma comissão especial do Parlamento vai decidir nesta semana se acatará ou não o pedido.
Berlusconi, de 74 anos, nega qualquer crime, e se diz vítima de uma perseguição política dos magistrados. No domingo, ele declarou que nunca pagou para fazer sexo, e afirmou viver uma relação estável com uma mulher desde que se separou da sua segunda esposa.
Em 2009, ao apresentar o pedido de divórcio, Veronica Lario disse que não poderia mais conviver com um homem que "frequenta menores."
O novo incidente ocorre num momento delicado para Berlusconi, que nos últimos meses perdeu a maioria sólida no Parlamento, após romper com seu aliado Gianfranco Fini. Na semana passada, a Suprema Corte do país derrubou parcialmente um dispositivo legal que garantia imunidade judicial ao premiê.
O documento da promotoria diz que Nicole Minetti, funcionária do governo regional da Lombardia e ex-higienista dental do premiê, recrutou "um número significativo de jovens mulheres que se prostituíam com Silvio Berlusconi." Minetti, ex-dançarina que também está sob investigação, nega ter agenciado prostitutas.
O documento diz que El Mahroug revelou aos promotores que algumas colegas suas haviam sido autorizadas a usar apartamentos no elegante condomínio Milano Due, nos arredores de Milão, construído pelo próprio Berlusconi na década de 1970.
"A esta altura, a investigação já revelou amplas evidências", disse o documento, listando os nomes de oito mulheres cujos apartamentos foram revistados pela polícia.
O foco da investigação continua sendo "Ruby", que diz ter recebido 7.000 euros (9.318 dólares) para comparecer a uma festa numa mansão de Berlusconi. Promotores dizem que ela esteve várias vezes na casa do premiê entre fevereiro e maio de 2010, quando era menor de idade, e que ele pagou para dormir com ela.
Ela nega ter dormido com o premiê, mas atiçou a imaginação de redatores de manchetes no mundo todo ao usar o termo "bunga bunga" para descrever festas sexuais.