Promotores federais dos Estados Unidos disseram em um novo tribunal que o ex-advogado do presidente Donald Trump, Michael Cohen, deveria passar um tempo significativo na prisão – dizendo que sua ajuda aos investigadores do inquérito que envolve o presidente não supera seus crimes passados.
O pedido foi feito nesta sexta-feira (7), quando Cohen se prepara para receber a sentença na próxima semana em dois casos distintos, um envolvendo violações de financiamento de campanha e mentir para um banco, e outro em que ele admitiu mentir ao Congresso sobre os esforços durante a campanha presidencial de 2016 para conseguir construir uma Trump Tower, um arranha-céu, em Moscou.
Cohen havia pedido uma sentença sem tempo de prisão, citando sua cooperação com os investigadores, mas os promotores do Distrito Sul de Nova York produziram um memorando argumentando que ele deveria cumprir um período significativo, possivelmente anos, na prisão.
“Ele busca clemência extraordinária – uma sentença sem tempo de prisão – baseada principalmente em sua visão otimista da seriedade dos crimes; suas reivindicações a uma história pessoal positiva; e sua provisão de certas informações à investigação”, escreveram os promotores no memorando. “Mas os crimes cometidos por Cohen foram sérios e foram marcados por um padrão de fraude que permeou sua vida profissional”.
O documento também sugere que a cooperação de Cohen com os investigadores não foi tão significativa para as investigações em torno do presidente.
“Para ser claro: Cohen não tem um acordo de cooperação e não está recebendo uma carta da Seção 5K1.1 nem deste escritório nem do conselheiro especial Robert Mueller III, e portanto não é descrito como ‘testemunha cooperante’, termo comumente usado neste distrito”.
Processos
Cohen foi processado por duas partes separadas do Departamento de Justiça, o escritório de Mueller e promotores federais em Manhattan. Esses escritórios estão emitindo memorandos separados na sexta-feira em preparação para a sentença marcada para quarta-feira (12) perante o juiz da Corte Distrital dos EUA, William Pauley III.
Em agosto, Cohen se declarou culpado de evasão fiscal, de fazer uma declaração falsa a um banco e de violações de financiamento de campanha, admitindo que ele ajudou a comprar o silêncio de duas mulheres que alegaram ter relações com Trump para ajudar a campanha do presidente. No mês passado, ele admitiu ser culpado de fazer uma declaração falsa ao Congresso, admitindo ter mentido para os legisladores sobre um possível projeto comercial de Trump na Rússia.
Cohen havia pedido uma sentença sem tempo de prisão, enfatizando sua ampla cooperação com Mueller, bem como investigadores de outras agências. Seus advogados ligaram suas irregularidades diretamente a Trump, escrevendo que Cohen estava motivado a pagar as mulheres para ficarem quietas e mentir para o Congresso por sua “forte lealdade” a Trump. Trump negou publicamente os casos e disse que “ficou longe” de negócios na Rússia.
“Ele poderia ter lutado contra o governo e continuado a manter a linha do partido, posicionando-se talvez por um perdão ou clemência, mas em vez disso – para si, sua família e seu país – assumiu responsabilidade pessoal por seus próprios erros e contribuiu, e está preparado para continuar a contribuir, com uma investigação que ele considera absolutamente legítima e vital”, escreveram os advogados de Cohen nos documentos apresentados na semana passada.
De sua parte, Trump ridicularizou o pedido de Cohen no Twitter e pareceu contrastá-lo com Roger Stone, um antigo conselheiro de Trump que sugeriu publicamente que não estaria disposto a cooperar contra o presidente.
De Cohen, Trump disse: “Ele mentiu por este resultado e deve, na minha opinião, cumprir uma sentença completa”. De Stone, ele disse: “É bom saber que algumas pessoas ainda têm 'coragem!'”.