Promotores de Nova York pediram ontem a um juiz que arquive as acusações de violência sexual que pesavam contra Dominique Strauss-Kahn, numa reviravolta que pode significar a ressurreição política do francês, ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os promotores resolveram pedir o arquivamento porque perderam a confiança na suposta vítima, a camareira de hotel Nafissatou Diallo, 32 anos, que acusou Strauss-Kahn de sair nu do banheiro da sua suíte, em 14 de maio, e então obrigá-la a fazer sexo oral.
Strauss-Kahn, 62 anos, declarou com veemência ser inocente. Alguns simpatizantes diziam que as acusações foram uma manobra para destruir sua candidatura a presidente da França em 2012, disputa na qual era considerado favorito.
Embora nada impeça sua volta à política, sua imagem saiu desgastada do episódio, e o Partido Socialista teria de abrir uma exceção para autorizá-lo a disputar a eleição primária de outubro. Uma pesquisa divulgada em julho mostrou que dois terços dos franceses não o querem como candidato.
Strauss-Kahn também enfrenta uma ação civil movida por Diallo e uma queixa de uma escritora francesa que o acusa de tê-la estuprado durante uma entrevista, em 2003. O francês chegou a ser detido em maio por causa das acusações feitas pela camareira, mas atualmente aguarda em liberdade, em Nova York, à tramitação do processo.
A credibilidade da acusadora veio por terra quando promotores revelaram que ela havia dito inúmeras mentiras às autoridades, inclusive ao declarar, num pedido de asilo aos EUA, que havia sofrido um estupro coletivo na Guiné, seu país natal.
Ela também entrou em contradições ao falar sobre o que ocorreu depois da suposta agressão. No começo, a imprensa dos EUA manteve em sigilo a identidade dela, como é praxe em crimes sexuais, até que a própria Diallo aparecesse em entrevistas à revista Newsweek e ao canal ABC News, no fim de julho.
"Eu quero justiça. Quero que ele vá para a cadeia. Quero que ele saiba que, quando faz algo assim, há um lugar onde você não pode usar o dinheiro, onde não pode usar o poder", disse ela à ABC.