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A promotora da Nação do Peru, Zoraida Ávalos, abriu nesta terça-feira (4) uma investigação preliminar contra o presidente peruano, Pedro Castillo, por supostos crimes de tráfico de influência e conluio para favorecer empresas que obtiveram contratos com o Estado, de acordo com informações da imprensa local.
Segundo diversos meios de comunicação peruanos, citando fontes do Ministério Público, a investigação diz respeito às reuniões que Castillo teria realizado no Palácio do Governo e em uma residência particular da empresária Karelim López, que também supostamente intercedeu a favor do Consórcio Puente Tarata III, ao qual foi adjudicada a construção de uma ponte na selva central.
Da mesma forma, deve-se também aos encontros com ela e outras autoridades e representantes da petrolífera Heaven Petroleum Operation, que ganhou a licitação para vender 280 mil barris de biodiesel à estatal Petroperu por US$ 74 milhões.
Segundo relatos da imprensa local, a Procuradoria da Nação, única autoridade autorizada a investigar o presidente, avisou sobre o início da investigação ao chefe do Estado e ao procurador-geral do Peru, Daniel Soria, que denunciou Castillo em dezembro do ano passado pelos supostos crimes de patrocínio ilegal e tráfico de influência.
A denúncia de Soria, segundo a mídia, foi baseada nas reuniões que Karelim López aparentemente manteve com Castillo antes que as empresas que ela representava ganhassem a licitação para a ponte Tarata.
Pelo menos uma dessas supostas reuniões ocorreu fora do Palácio do Governo, em Lima, e foi feita sem registro oficial, como demonstra uma reportagem do programa dominical “Cuarto Poder”, que flagrou López e Castillo, separadamente, entrando na mesma propriedade no distrito de Breña, na capital peruana.
Dias depois dessa suposta reunião, o consórcio Puente Tarata III, que ela representava, venceu a licitação com um contrato de 232,5 milhões de soles (cerca de US$ 57,6 milhões) graças a uma oferta de 27 centavos de sol (US$ 0,06) inferior à licitação mais cotada.
Soria disse em sua denúncia que há suspeitas de que o presidente peruano “também estaria envolvido na conduta de tráfico de influências” investigado pela Segunda Promotoria da Promotoria Empresarial Provincial de Lima.
Neste caso, o ex-secretário-geral do Palácio do Governo, Bruno Pacheco, está sendo investigado, e a promotoria apreendeu US$ 20 mil escondidos em seu gabinete, devido à suposta pressão exercida sobre os comandantes gerais do Exército e da Aeronáutica para promoção militar de pessoal próximo ao presidente.
O presidente peruano foi interrogado por Ávalos no dia 28 de dezembro sobre a suposta pressão na promoção das Forças Armadas e solicitou o levantamento de seu sigilo bancário, tributário e de comunicações, a fim de concordar com as investigações.