O promotor Marcelo Colombo entrou com recurso para reverter o fim do processo contra a atual vice-presidente da Argentina e ex-chefe de governo, Cristina Kirchner, da acusação de acobertar os acusados pelo atentado contra um centro judaico ocorrido em Buenos Aires, em 1994.
A apelação se junta a que foi feita na semana passada pela Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia), que representa a comunidade judaica do país sul-americano e que é uma das partes envolvidas no processo.
Outra parte interessada é a de representantes das famílias dos 85 mortos no atentado contra a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que ficava no centro de Buenos Aires. O grupo também entrou com recurso contra a absolvição de Kirchner.
No último dia 7, o Tribunal Oral Federal 8, que deveria realizar o julgamento da ex-presidente e de outros antigos integrantes da cúpula do governo argentino, encerrou o processo por unanimidade, ao considerar que a assinatura, em 27 de janeiro de 2013, de um memorando com o Irã “não constituiu um crime”.
O documento previa a criação de uma comissão especial para investigar, de maneira conjunta, o atentado contra a sede da Amia, que a Justiça da Argentina atribui a membros do governo do Irã e à organização xiita libanesa Hezbollah.
A denúncia contra Kirchner sustentava que o objetivo do acordo era derrubar os “alertas vermelhos” da Interpol para a captura dos acusados no exterior.
A acusação contra a atual vice-presidente e membros do antigo governo que ela liderou era de 2015, quando o promotor Alberto Nisman, que investigava o atentado, apontou que a então chefe de governo e aliados tentaram acobertar suspeitos iranianos, com a assinatura do documento.
Nisman, contudo, apareceu morto, com um tiro na cabeça, apenas quatro dias após formalizar a denúncia. O memorando nunca entrou em vigor, já que, apesar de ter sido ratificado pelo Congresso da Argentina, nunca foi aprovado no Irã. Em meio do ano passado, Kirchner pediu a anulação do processo na justiça, alegando, entre outros motivos, interferências políticas no processo.
Deixe sua opinião