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Uma proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza anunciada na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, gerou uma reação em Israel que inclui ameaças de desmantelamento do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Nesta segunda-feira (3), dois ministros da ala mais à direita do governo israelense fizeram declarações duras e inclusive ameaçaram se retirar da coalizão que administra o Executivo, o que na prática a inviabilizaria.
Nas redes sociais, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, afirmou que “deixou claro” a Netanyahu que não “faria parte de um governo que concordasse com o esboço proposto e acabasse com a guerra sem destruir o [grupo terrorista] Hamas e com a volta de todos os reféns”.
O ministro da Segurança Nacional, Ben Gvir, foi na mesma linha. “Se o primeiro-ministro implementar o acordo imprudente nas condições hoje divulgadas, que significam o fim da guerra e a desistência de eliminar o Hamas, o Otzma Yehudit dissolverá o governo”, disse, referindo-se ao partido que lidera, segundo informações da CNN.
Na semana passada, Biden anunciou um possível acordo de cessar-fogo na qual, após uma primeira fase de seis semanas - durante a qual as tropas israelenses deixariam as áreas povoadas da Faixa de Gaza e as mulheres, os idosos e os feridos entre os reféns seriam liberados -, uma segunda fase começaria, que incluiria “um fim permanente das hostilidades” e a libertação dos reféns restantes, incluindo militares.
A terceira e última fase envolveria um “grande plano de reconstrução” para o enclave palestino e a devolução dos corpos dos reféns assassinados.
Um assessor de Netanyahu disse no fim de semana que o premiê havia concordado “em termos gerais” com a proposta americana, mas nesta segunda-feira o próprio primeiro-ministro afirmou que a ideia apresentada por Biden está “incompleta”.
“A guerra será interrompida para que os reféns sejam resgatados e, em seguida, manteremos negociações. Há detalhes que o presidente dos EUA não apresentou ao público”, afirmou Netanyahu ao Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset (Parlamento de Israel).
O premiê retornou ao poder no final de 2022, após ter recorrido a uma coalizão com partidos mais à direita da sua legenda, o Likud, e ultraortodoxos para conseguir governar.
Netanyahu se vê na difícil posição de precisar atender aos aliados internos e também não desagradar os Estados Unidos, que em maio ameaçaram reter o envio de armas pesadas dependendo de como seria realizada a ofensiva em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza.
Outra fonte de pressão é a cobrança de grande parte da sociedade de Israel para que haja um cessar-fogo para a libertação de reféns. Cerca de 120 permanecem nas mãos do Hamas em Gaza – a inteligência israelense apurou que aproximadamente 40 deles estão mortos.
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Canal 11, emissora pública de Israel, apontou que 40% dos entrevistados apoiam a proposta anunciada por Biden, 27% são contrários e 33% não souberam como responder. (Com Agência EFE)