O líder da oposição australiana negou na sexta-feira que esteja fazendo manobras para que o país volte às urnas, após a inconclusiva eleição de sábado passado, em que deputados independentes saíram como fiéis da balança.
Segundo a totalização preliminar dos votos, a oposição conservadora elegeu 73 deputados, um a mais do que o Partido Trabalhista, da primeira-ministra Julia Gillard. Para formar maioria, um partido precisa de 76 deputados. Dessa forma, os cinco parlamentares independentes e do Partido Verde se tornam cruciais numa eventual coalizão.
Mas nenhum dos grandes partidos parece próximo de um acordo. Os mercados torcem para que o líder conservador Tony Abbott consiga se impor, pois ele prometeu engavetar projetos de Gillard para adotar um imposto sobre a mineração, criar um mecanismo de preços sobre a emissão de carbono e implantar uma rede nacional de banda larga de 38 bilhões de dólares.
Abbott, porém, tem sido acusado de tratar os parlamentares independentes com frieza, gerando especulações de que ele acharia mais conveniente realizar uma nova eleição do que negociar um governo minoritário.
Abbott disse que a teoria é "fantasiosa". "Acho que o público e a Austrália merecem um resultado desta eleição", disse ele a jornalistas em Sydney. Ele afirmou, no entanto, que três deputados independentes de origem rural na atual legislatura, todos egressos do aliado Partido Nacional, serão decisivos na formação de um eventual governo conservador.
"Acho importante que a Austrália tenha um governo competente e estável emergindo desta eleição. Dada a posição dos três membros independentes..., acho que as negociações com ele são a chave", afirmou Abbott, quando questionado sobre uma eventual aliança com o Partido Verde.
Ele descartou a hipótese de um acordo com o único deputado verde, que é favorável à precificação da emissão de carbono. E não citou um quinto deputado independente, de origem urbana, e que foi crítico ao apoio de um antigo governo conservador à guerra no Iraque.
Os trabalhistas provavelmente precisariam do apoio de dois dos três deputados rurais, e também do deputado do Partido Verde e do deputado independente que representa a cidade de Hobart (Tasmânia, sul do país).
Gillard disse ter mantido discussões "produtivas" com os verdes na sexta-feira. Ela apoia a precificação das emissões de carbono como forma de combate à mudança climática. Uma preocupação para Abbott é que dois dos deputados rurais também apoiam essa medida.