Annegret Kramp-Karrenbauer (à esquerda) foi eleita para suceder a chanceler alemã Angela Merkel na liderança da União Democrática Cristã, 7 de dezembro| Foto: Krisztian BocsiBloomberg

Em uma votação apertada, a secretária-geral da CDU (União Cristã-Democrata), Annegret Kramp-Karrenbauer, foi escolhida nesta sexta-feira (7) pelos delegados reunidos em Hamburgo como a sucessora de Angela Merkel na chefia do partido mais tradicional da centro-direita da Alemanha.

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Conhecida como AKK e também chamada de "Merkel bis" ou "mini Merkel", Kramp-Karrenbauer, 56, representa a continuidade da linha moderada conservadora adotada por Merkel em 18 anos na liderança do partido e em 13 anos como chanceler. 

Assim, Merkel ganha certo alívio para tentar terminar este quarto mandato em meio a derrotas eleitorais regionais recentes e à baixa aprovação do governo. 

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O principal concorrente de AKK era o advogado do mundo corporativo e milionário Friedrich Merz, 63, que propunha uma guinada à direita da CDU e do país, em uma tentativa de reconquistar eleitores perdidos para o partido de ultradireita AfD (Alternativa para a Alemanha). 

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Em um segundo turno de votação, AKK foi eleita com 517 votos de 999 delegados, enquanto Merz obteve 482 votos. O primeiro turno já havia derrubado o terceiro candidato, Jens Spahn, que é ministro da Saúde do governo Merkel. 

Kramp-Karrenbauer provavelmente vai liderar a CDU nas próximas eleições federais alemãs, em 2021, podendo vir a se tornar a próxima mulher mais poderosa da Europa. Merkel já afirmou que sairá de cena. 

"Li muito sobre o que e quem eu sou: 'mini', uma cópia, simplesmente mais do mesmo. Caros delegados, me apresento diante de vocês como sou e como a vida me fez e tenho orgulho disso", afirmou Kramp-Karrenbauer em discurso antes da votação. 

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Ela apelou à sua experiência como chefe de governo do estado de Sarre: "Aprendi o que é liderar e sobretudo aprendi que liderança é mais ser forte por dentro do que ser forte por fora". 

Durante a campanha, Merz mobilizou boa parte dos correligionários ansiosos por um estilo de liderança mais assertivo, ao defender cortes de impostos e um maior combate à extrema direita, que cresceu na esteira da política de portas abertas à imigração adotada pelo governo Merkel. 

No fim, o partido escolheu algo mais conhecido. 

"Ela é uma aposta segura: uma candidata centrista que não ameaça fazer surpresas desagradáveis", afirmou Josef Joffe, publisher do semanário Die Zeit. 

"Merz era um pouco livre-mercado demais, pró-EUA e pró-defesa. Também, seu discurso na convenção pareceu engessado, em comparação ao apelo passional de AKK. Mesmo assim, ele a forçou a um segundo turno, o que sugere que AKK vai presidir um partido dividido."

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Despedida

Durante a convenção do partido nesta sexta-feira, em Hamburgo, a chanceler alemã Angela Merkel fez uma defesa de seus 18 anos como chefe da CDU.

Ovacionada de pé por quase dez minutos pelos delegados, muitos emocionados e segurando um cartaz com os dizeres "obrigado, chefe", Merkel, 64, afirmou que a CDU venceu quatro eleições nacionais sob sua liderança ao se manter firme em seus princípios. 

Angela Merkel, chanceler alemã e líder da CDU, agradece os aplausos após a sua palestra na convenção do seu partido em Hamburgo, Alemanha, em 7 de dezembro 

"Foi um grande prazer para mim, uma honra", disse. "Em tempos difíceis, não devemos nos esquecer dos nossos valores democráticos e cristãos." 

"A CDU em 2018 não deve olhar para trás mas olhar para frente, com novas pessoas, mas com os mesmos valores." 

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Fazendo uma referência ao crescimento do populismo ao redor do mundo e ao que chamou de colapso dos valores ocidentais, Merkel afirmou que a ordem que ela sempre defendeu está sob risco. 

"Seja a rejeição do multilateralismo, o retorno do nacionalismo, a redução da cooperação internacional ou a ameaça a guerras comerciais, a desestabilização das sociedades com as fake news ou o futuro da União Europeia, nós, democratas-cristãos, devemos mostrar o que temos diante de todos esses desafios", disse. 

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Merkel surpreendeu o país em outubro ao anunciar que não buscaria a reeleição como líder da CDU na convenção anual do partido, após uma série de derrotas eleitorais regionais que tiveram como pano de fundo a política imigratória de seu governo. 

"Sinto reconhecimento por ter sido presidente [do partido] durante 18 anos", afirmou Merkel. "Foi um período muito longo, no qual a CDU passou por altos e baixos", acrescentou a chanceler. 

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Dentro do partido, diz-se que Merkel e AKK têm uma "boa química". 

Kramp-Karrenbauer se distanciou da chanceler em temas de política social e externa ao votar a favor de cotas para mulheres em direções de empresas e ao defender uma posição mais dura em relação à Rússia e à questão imigratória. 

Casada, católica e mãe de três filhos, tem posição conservadora em relação ao casamento gay. Merkel é protestante, casada pela segunda vez e sem filhos. 

Mas em questões europeias e da própria CDU ela adotou um estilo similar à da chanceler, dando preferência a uma abordagem prática e não ideológica. "Não tenho uma receita especial", afirmou sobre como seria sua liderança.