Uma multidão estimada pelos organizadores em 600 mil pessoas saiu no sábado (7) às ruas de Caracas para protestar contra a emenda constitucional que - se aprovada no referendo do dia 15 - abrirá a possibilidade de reeleições ilimitadas para o presidente venezuelano, Hugo Chávez, atualmente em seu terceiro mandato (ele se elegeu em 1998; em 2000, sob as normas da Constituição de 1999, e em 2006).
A marcha pelo "não", convocada inicialmente por estudantes universitários, percorreu 18 quilômetros, com os manifestantes exibindo camisetas e cartazes com o slogan "não é não" - em referência à derrota imposta pela oposição a Chávez em 2007, quando uma emenda semelhante foi rejeitada.
Três pesquisas de opinião divulgadas ontem mostram que a proposta de Chávez lidera com uma margem que varia de 3% a 16%, dependendo do instituto de pesquisa. A oposição espera mudar essa tendência incentivando os eleitores que discordam da medida a comparecerem às urnas, uma vez que o voto não é obrigatório na Venezuela. Ontem, Henry Allup, secretário geral da Ação Democrática (AD), de oposição, disse que "o não vai se impor por mais de 10 pontos". Se aprovada, a proposta chavista também daria a governadores e prefeitos possibilidade de reeleições ilimitadas.
Num comício paralelo, realizado em Petare, no Estado de Miranda, Chávez respondeu dizendo que "o não será pulverizado em uma semana". O presidente venezuelano disse também que sua vitória seria "uma garantia de paz" e que "eles (a oposição) são garantia de violência".
No mesmo comício, o presidente venezuelano defendeu a prisão do líder do grupo chavista La Piedrita, Valentín Santana, acusado de promover atos de terror na Venezuela contra alvos políticos. "Essa pessoa deve ser detida porque não pode estar ameaçando ninguém de morte, nem fazendo justiça com as próprias mãos. Não vou tolerar anarquia enquanto eu governar a Venezuela", disse Chávez.
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