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Manifestantes contrários à condenação de guru indiano fazem quebra-quebra em Panchkula, Norte da Índia | MONEY SHARMA/AFP
Manifestantes contrários à condenação de guru indiano fazem quebra-quebra em Panchkula, Norte da Índia| Foto: MONEY SHARMA/AFP

Um tribunal da Índia decidiu nesta sexta-feira (25) que o guru de uma seita, Ram Rahim Singh, é culpado pelo estupro de duas mulheres, suas seguidoras. O veredicto, porém, gerou protestos violentos em uma cidade do norte do país, Panchkula. As manifestações deixaram pelo menos 29 mortos e ainda provocaram incêndios em construções locais, segundo a imprensa local.

A polícia usou jatos d'água para tentar dispersar as pessoas. Mais de 15 mil membros de tropas paramilitares e agentes de polícia, alguns a cavalo, foram enviados à cidade. Os manifestantes atearam fogo a prédios do governo e atacaram policiais e jornalistas de televisão, destruindo os vidros de vans da imprensa e quebrando equipamento de transmissão. 

Um toque de recolher foi imposto em pelo menos quatro distritos do Punjab, disse Amrinder Singh, uma autoridade estadual. 

O tribunal especial anunciou o veredicto de culpado após ouvir os argumentos finais, no caso contra o guru que se arrastava havia 15 anos. O guru se autointitula Santo Dr. Gurmeet Ram Rahim Singh Ji Insaan. 

Ram Rahim Singh, que negou a culpa por dois estupros em 2002, foi detido e estava recolhido em uma cidade próxima, em Rohtak, no Estado de Haryana, até a audiência no dia 28 em que ele será sentenciado, segundo o promotor H.P.S. Verma. 

Administradores de Panchkula temiam que um veredicto culpado pudesse gerar violência entre dezenas de milhares de seguidores do guru que estavam acampados à espera do resultado do julgamento. 

Também houve episódios de violência em Estados vizinhos, em Haryana e no Punjab, disse a polícia. Estações ferroviárias nas cidades de Malout e Balluana estavam em chamas e dois vagões de um trem vazio parado na estação Anand Vihar, em Nova Délhi, também foram incendiados. 

Multidões também atacaram a polícia na cidade de Sirsa. 

A seita do guru é a Dera Sacha Sauda, que diz ter cerca de 50 milhões de seguidores e defende o vegetarianismo e é contra qualquer vício em drogas. Ela também se envolve em questões sociais, como a organização de casamentos para os casais mais pobres. Esse tipo de seita tem grande apelo popular na Índia e não é incomum que líderes delas tenham pequenas milícias privadas, fortemente armadas, para sua proteção. Quando o guru deixou sua comunidade em Sirsa no início da manhã para a audiência, foi acompanhado por um comboio de 100 veículos. 

Ostentação  

Com seu gosto por roupas chamativas e muitas joias, o chefe espiritual de 50 anos lidera a seita Dera Sacha Sauda.  

Em 2002, o ex-primeiro-ministro indiano Atal Biahri Vajpayee recebeu uma correspondência anônima na qual uma mulher acusava o guru de tê-la estuprado tanto ela quanto outra devota. O órgão de investigação, entretanto, precisou de anos para encontrar as supostas vítimas, que só apresentaram queixa em 2007.  

Em 2015, o líder foi acusado de ter incentivado 400 de seus discípulos a se castrarem para ficarem mais próximos dos deuses.  

As atividades de Gurmeet Ram Rahim Singh também enfureceram outros chefes religiosos da Índia, principalmente os sikhs, que consideram que o guru insulta a fé.  

Em Penjab, de maioria sikh, foram organizadas manifestações em 2015 por causa da aparição de Singh em um filme chamado "MSG: o mensageiro de deus", onde ele atuou fazendo milagres e pregando ante milhares de fiéis.  

"Fiz parte do movimento Dera Sacha Sauda durante duas décadas e, em todo esse tempo, não bebi nem uma gota", disse Gajendere Singh, 60.  

O guru, que conta com inúmeros seguidores em Haryana, onde dirige uma corrente espiritual, afirma ter milhões de adeptos no mundo todo.

As informações são da Associated Press e da Folhapress.

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