Dezenas de milhares de israelenses de direita, contrários à retirada de Israel da Faixa de Gaza, fizeram um protesto no centro de Tel-Aviv nesta quinta-feira, naquela que pode ser a derradeira manifestação da intenção de bloquear a retirada dos colonos judeus do território ocupado.
Segundo os organizadores do protesto, cem mil pessoas participaram da demonstração, a última antes de o governo começar a retirada da Faixa de Gaza, marcada para a próxima segunda-feira.
A manifestação reuniu manifestantes que juravam impedir a desocupação, embora manifestações semelhantes realizadas no passado não tenham impedido o primeiro-ministro Ariel Sharon de superar todas as barreiras políticas e legais enfrentadas por seu plano, que pretende "desengajar" Israel do confronto com os palestinos.
Colonos e partidários lotaram a praça Rabin, que homenageia o primeiro-ministro Yitzhak Rabin, o arquiteto dos planos de paz com os palestinos, que foi assassinado por um extremista judeu. A praa costuma ser palco de manifestações da esquerda pacifista de Israel.
Os organizadores disseram que havia quase 500 mil pessoas na multidão. A mídia israelense estimava em cerca de 100 mil manifestantes, fazendo desta a maior de uma série de manifestações realizadas no mês passado.
As manifestantes de direita portavam faixas com dizeres como "Livre de judeus, Gaza dá as boas-vindas à Al-Qaeda" e "Desengajamento = limpeza étnica de judeus".
-Nenhum país árabe fez com seus cidadãos o que você (Sharon) está fazendo. Antes de expulsar as pessoas de suas casas, esse plano deveria passar por uma eleição ou um plebiscito - disse o líder colono Benzi Lieberman, que foi aplaudido pela multidão.
Yuval Porat, estrategista da campanha dos colonos, disse que o próximo passo será "enviar centenas de grupos" de manifestantes, na segunda-feira, para furar os bloqueios do Exército na entrada de Gaza, e ajudar os colonos a resistir, pacificamente, à desocupação.
Pesquisas de opinião mostram que a maioria, por uma margem estreita, dos israelenses apóia a estratégia de Sharon.
Os Estados Unidos encaram a retirada como uma possível base para a retomada das negociações de paz, mas a estratégia causou profunda discórdia dentro de Israel.
- Creio que a decisão tomada pelo premier Ariel Sharon será boa para Israel - disse o presidente dos EUA, George W. Bush, em uma entrevista concedida à televisão israelense que foi transmitida nesta quinta-feira.
Cinquenta mil judeus rezaram na noite de quarta-feira no Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo, pedindo a Deus que impeça a retirada de Gaza.
- Cem mil pessoas irão para Gush Katif para impedir a expulsão por meio da desobediência civil - disse Porat. - Estamos dispostos a ser presos ou a apanhar de policiais ou soldados.
Os judeus ultranacionalistas vêm realizando protestos há meses, às vezes com violência, para tentar derrubar o plano de retirada, que prevê a desocupação de todos os 21 assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e de quatro dos 120 da Cisjordânia.
Os opositores do plano dizem que ele trai o direito bíblico dos judeus e que recompensa o levante palestino.
A manifestação de Tel-Aviv, o centro financeiro de Israel, aparentemente teve o objetivo de atrair o apoio dos mais moderados, que até agora não foram muito ativos no movimento anti-retirada.
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