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Protestos por falta de alimentos aumentam na Venezuela e terminam com uma pessoa morta
| Foto: Reprodução / Twitter / Julio Borges

Um protesto por falta de alimentos na Venezuela terminou em violência e deixou pelo menos uma pessoa morta, dois feridos por tiros e dez detidos nesta quinta-feira (23), na cidade de Upata, estado de Bolívar, relata a imprensa local.

A vítima é um homem de 29 anos morto com dois tiros na cabeça, segundo a agência AFP.

Os protestos e saques foram registrados em vários pontos da Venezuela. A ditadura de Nicolás Maduro mandou coletivos - grupos armados irregulares que apoiam o regime - para conter os distúrbios.

Um general da Guarda Nacional Bolivariana afirmou no começo da tarde que dez pessoas foram detidas por saques a comércios na cidade de Upata e que a situação tinha sido controlada.

Fontes disseram ao jornal Efecto Cocuyo que, como a polícia local não tinha patrulhas suficientes para conter os protestos, foram enviados ao local coletivos e mototaxistas, que receberiam um tanque de gasolina para fazer rondas pelas ruas e intimidar os manifestantes.

A rede TVV Noticias publicou uma fotografia do local onde houve confronto entre manifestantes e forças policiais em Upata. "Morreu por fome", escreveram os moradores na rua do centro da cidade.

Também foram registrados protestos nos estados de Monagas, Trujillo, Mérida e Portuguesa.

O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou nesta quinta-feira pelo Twitter que o protesto "é a única forma de tentar sobreviver quando os direitos fundamentais não estão garantidos".

Na quarta-feira, saques a comércios da cidade de Cumanacoa, norte da Venezuela, também terminaram em violência.

Falta de gasolina

A Venezuela enfrenta uma grave escassez de gasolina - um problema crônico no país, causado por anos de má administração e falta de investimentos em sua indústria petroleira, que foi agravado pelas sanções impostas pelos EUA contra a empresa nacional de petróleo venezuelana e mais recentemente pela pandemia do novo coronavírus. Em 16 de março, o regime chavista impôs quarentena para toda a Venezuela para conter a propagação da Covid-19.

A falta de combustível afeta a distribuição e os preços dos alimentos no país. E para agravar a situação de desabastecimento, a alta do dólar paralelo, usado pela maioria da população, também resultou em aumento dos preços dos produtos.

O ditador Nicolás Maduro alertou na quarta-feira que controles rígidos de preços dos bens poderiam retornar.

O custo de um quilo de carne em Caracas aumentou 72% nos últimos 30 dias, segundo os cálculos da agência Reuters.

Maduro afirmou que 13 novos casos de Covid-19 foram registrados na Venezuela no último dia, aumentando o total de infectados para 311. Ainda segundo os dados do regime, dez pessoas morreram pelo novo coronavírus na Venezuela.

Negociações entre adversários

Chavistas e aliados de Guaidó começaram secretamente negociações exploratórias, enquanto aumentam as preocupações sobre os impactos do coronavírus na Venezuela, fontes de ambos os lados disseram à Reuters.

Segundo as fontes, aliados de Maduro e de Guaidó não estão convencidos de que podem derrotar o outro lado em meio à pandemia e as duras sanções americanas. "Existem dois extremos: Maduro e aqueles que acreditam que o vírus acabarão com a liderança de Guaidó, e aquele do outro lado que esperam que essa crise derrube Maduro", disse à Reuters um parlamentar da oposição a favor da aproximação. Segundo a agência, sete fontes confirmaram a existência das negociações.

Guaidó negou que existam contatos públicos ou privados com o regime de Nicolás Maduro para uma negociação política e insistiu que a única via para a saída democrática do país é a instalação de um governo de emergência nacional, plano apoiado pelo governo dos Estados Unidos.

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