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Desde que as manifestações contra o governo se tornaram violentas na capital do Iêmen, Sanaa, o fornecimento de energia elétrica, combustível e água tornou-se errático. As fronteiras com a Arábia Saudita, ao norte, estão fechadas a estrangeiros e, a leste, o caminho até Omã não é seguro por causa dos grupos de oposição e dos insurgentes islamistas antiocidentais. A vida no Iêmen piorou desde o começo das revoltas no mundo árabe.

A imigração e a polícia secreta locais - aliadas ao presidente Ali Abdullah Saleh, que enfrenta ampla resistência de grupos de oposição liderados pelo líder de uma das mais importantes federações tribais do país, o xeque Sadeq al-Ahmar - tentam barrar a entrada de estrangeiros. Só permitem a passagem de funcionários de ONGs, diplomatas, alguns poucos jornalistas previamente autorizados e visitantes que possam comprovar claramente o motivo de sua viagem. Diversas companhias aéreas que viajam ao país têm cancelado e alterado suas frequências, de modo que ter um bilhete não é garantia de poder viajar.

O país mais pobre do Oriente Médio tem infraestrutura precária, ruas esburacadas, uma imensa frota de carros velhos circulando de forma caótica, em meio a burros, camelos e carroças. A situação na capital e no restante do país - teve uma sensível melhora desde terça-feira, quando, após uma campanha local de desinformação, o governo iemenita admitiu publicamente que o presidente do país estava em tratamento na Arábia Saudita. A notícia, que em um primeiro momento pareceu aumentar o fôlego dos aliados de Al-Ahmar, reduziu o nível geral de tensão no país.

"Estamos cansados dessa situação. Falta água, falta gasolina, os preços dos alimentos estão subindo e não temos conseguido encontrar frutas e frango. Ninguém sabe quanto tempo vamos ter de eletricidade a cada dia. É difícil de trabalhar. Os negócios estão parados e as pessoas já estão agindo como se não houvesse lei no país - contratos são quebrados, mercadorias não são entregues, pagamentos são atrasados. As pessoas sabem que as instituições do governo estão fechadas e que você não tem com quem reclamar. Não há turistas, as embaixadas estão fechadas e todos os transportes públicos estão funcionando de forma esporádica. Estamos fartos. Eu gosto e apoio o presidente, acho que o Iêmen está melhor hoje do que antes de Saleh, mas não podemos continuar com essa situação", afirma em tom desolado Ali ibn-Hassan, gerente de um famoso hotel no centro de Sanaa.

O sentimento de Ibn-Hassan parece ser comum a grande parte da população do país, independentemente de apoiarem o governo ou a oposição. A ânsia coletiva por normalidade parece ter surtido algum efeito - ao longo dos últimos dias diversos bloqueios militares foram desmantelados, a proibição geral de que as pessoas não saíssem em sacadas ou subissem nos telhados de prédios foi relaxada e a oposição deixou de atacar diariamente objetivos pró-regime.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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