Cairo - Ativistas pró-democracia voltaram à Praça Tahrir, no Cairo, e às ruas de outras cidades do Egito para pressionar pela revogação das leis de exceção do antigo regime.
A manifestação sinaliza o aumento da tensão entre as forças políticas civis e o Conselho Supremo das Forças Armadas, a junta provisória no comando do país desde a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro.
Além do protesto convocado por sindicatos independentes e grupos liberais e de esquerda, duas frentes partidárias ameaçam boicotar a eleição parlamentar, com início previsto para 28 de novembro, se as regras anunciadas pela junta não mudarem.
A Coalizão Democrática, liderada pela Irmandade Muçulmana, e o Bloco Egípcio, secular, exigem que todos os 498 deputados sejam escolhidos por sistema proporcional e voto em listas partidárias. A junta reservou um terço das cadeiras para candidatos independentes suspeita-se que para eleger aliados.
"Derrubamos Mubarak, mas o regime continua intacto", afirma Hossam Bahgat, diretor da Iniciativa Egípcia pelos Direitos Humanos.
Bahgat se refere à manutenção da lei de emergência, que permite censura e prisões sem mandado; a processos contra civis em tribunais militares; à não dissolução do antigo serviço de inteligência; e à falta de acesso a arquivos da ditadura.
Para ele, o maior risco hoje é a volta da apatia, já que parte dos egípcios se cansou dos protestos e quer "normalidade". A Irmandade não participou do ato de ontem, que reuniu no Cairo estimadas 50 mil pessoas longe do 1 milhão pretendido.
O Parlamento pós-Mubarak será eleito em duas etapas a votação para a Shura (Senado) é em janeiro e nomeará uma comissão para redigir a nova Carta do país.
Teme-se que os militares pretendam manter o papel de árbitros por meio de um conselho de segurança ou uma disposição constitucional que lhes dê a missão de "zelar pela natureza democrática e civil (secular) do Estado".
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