Protestos em Santiago no Chile neste sábado, um dia após crise reunir mais de 1 milhão de chilenos nas ruas| Foto: Claudio Reyes/AFP

Um dia depois de pedir para que seus ministros renunciem aos cargos, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, seguia neste domingo (27) sem conseguir deter grandes manifestações. Assim, o país sul-americano chega ao 10º dia consecutivo de uma crise social que amplia diariamente suas exigências, desde mais ciclovias até uma nova Constituição.

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De qualquer modo, os episódios de vandalismo no país recuam claramente: de 33 na sexta-feira (25) a 16 neste sábado (26), informou neste domingo o governo.

Em um parque próximo ao centro de Santiago, milhares de pessoas se reuniram para participar no festival "Pelo direito de viver em paz", com a presença de artistas. Cerca de mil ciclistas davam voltas entre as 12 quadras que separam o palácio de governo da principal praça da capital chilena, que na sexta-feira foi cenário da maior manifestação da história do país - com mais de 1,2 milhão de pessoas - enquanto em bairros populares aumentam as assembleias populares. As manifestações com bicicletas ocorriam nas cidades do norte e sul do país.

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Outros protestos com música eram esperados nesta tarde. Enquanto isso, a classe política espera uma mudança de gabinete, anunciada na véspera pelo presidente. Os pedidos sociais incluem aumento de salários e pensões, melhores saúde, educação e moradias, descontos nos pedágios, mais ciclovias e mudanças na Constituição.

Piñera anunciou na última terça-feira uma agenda social que inclui medidas como descontos na luz e nos medicamentos, aumentos nas pensões dos mais pobres e no salário mínimo e descontos em pagamentos para os parlamentares, que ganham no país entre US$ 27 mil e US$ 44 mil ao mês. Na véspera, ele havia afirmado que são estudados descontos nas tarifas de água e nos pedágios.

Acordos

O analista político Marcelo Mella disse que Piñera deve buscar acordos com a classe política porque não pode dialogar com os manifestantes, que são "um movimento muito complexo, não há uma interlocução do movimento" e que até agora não exibe bandeiras partidárias.

O estopim dos protestos ocorreu no dia 18, em meio a protestos de estudantes contra um aumento tarifário no sistema de transporte subterrâneo.

As manifestações derivaram em atos não vistos nem sequer durante a sangrenta ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Piñera disse no sábado que "se as circunstâncias permitirem" levantaria o estado de sítio que afeta a maior parte do país. Arica, no extremo norte, foi a primeira cidade na qual foi levantado o estado de exceção.

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