Dez pessoas morreram durante manifestações contra a capa da revista francesa Charlie Hebdo no Níger neste final de semana. Durante dois dias de protestos, os manifestantes incendiaram igrejas, destruíram bares e bloquearam várias estradas do país.
Os atos de violência fazem parte de uma onda de protestos contra os franceses que varreu parte da África, Oriente Médio e Ásia, depois que a última edição do Charlie Hebdo trouxe em sua capa uma caricatura do profeta Maomé. Os manifestantes alegam que a publicação satiriza o islã.
Embora grande parte dos protestos sejam pacíficos, alguns atos, liderados principalmente por homens jovens, geraram violência. As manifestações começaram no Paquistão e se espalharam para a Turquia e o Oriente Médio.
Os protestos, que ocorrem apenas uma semana depois de dezenas de líderes mundiais terem participado de uma marcha histórica em Paris para condenar os ataques terroristas na cidade e mostrar seu apoio à liberdade de expressão, sublinham o desafio que a França enfrenta na defesa de preservar sua cultura sem alimentar um ressentimento entre os muçulmanos.
"É intolerável", afirmou o presidente francês, François Hollande neste sábado ao comentar a notícia de que bandeiras francesas tinham sido incendiadas durante várias manifestações.
Após o ataque que dizimou sua redação, os sobreviventes do Charlie Hebdo reuniram-se para produzir uma edição publicada na última quarta-feira, com uma tiragem prevista de sete milhões de cópias. A capa contou com uma caricatura do profeta Maomé, segurando um sinal de "Je Suis Charlie", sob o título, "tudo está perdoado".
A publicação enfureceu os muçulmanos e a caricatura corre o risco de ser utilizada por fundamentalistas islâmicos contra a Europa. O líder religioso da Arábia Saudita condenou a revista e disse que a decisão não tem nada a ver com liberdade de expressão.
"Ferir os sentimentos dos muçulmanos por estes desenhos não serve como causa ou como instrumento para alcançar um objetivo legítimo", disse. "No fim das contas, é um serviço para os extremistas que buscam justificativas para assassinato e terrorismo". Líderes governamentais e religiosos no Iraque e no Egito também condenaram a decisão de publicar a revista.
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