Atlanta Vestidas de branco e agitando bandeiras norte-americanas, milhares de pessoas ocuparam ontem as ruas de Atlanta exigindo dignidade e direitos para milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos. "Sí, se puede" ("sim, se pode", em espanhol), gritavam os manifestantes, contrariados com o projeto que torna crime a imigração ilegal e prevê a construção de uma cerca na fronteira entre México e EUA. Em meio ao mar de camisetas brancas, algumas tinham os dizeres "não somos criminosos". Alguns cartazes faziam alusão ao célebre discurso de Martin Luther King, dizendo: "Temos um sonho."
Da Califórnia ao Maine, os Estados Unidos estão sendo tomados por uma onda de vigílias, protestos e passeatas. As manifestações fazem parte de um dia de ação nacional que reuniu centenas de milhares de pessoas em mais de 100 cidades de todo o país. É a maior mobilização hispânica desde a década de 1960, quando agricultores se uniram sob a liderança de César Chávez. As manifestações chegaram a afetar o mercado de carnes do país, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, uma vez que grande parte dos processadores de carne é composta por imigrantes latino-americanos, que participaram das passeatas. O abate caiu 28% em relação à segunda-feira passada.
Dezenas de milhares de pessoas também foram às ruas ontem em Nova Iorque para exigir das autoridades americanas uma reforma das leis de imigração mais tolerante com os quase 12 milhões de irregulares, em maioria latino-americanos, que vivem e trabalham no país, informaram os organizadores. As pessoas ostentavam cartazes com as inscrições "Residência permanente", "Um caminho justo para a cidadania" e "Direitos para os imigrantes". "Graças à mão-de-obra barata e entusiasta dos imigrantes, a economia deste país está em cima. Não somos delinqüentes, somos mão-de-obra barata. Eles não querem nos regularizar, mas precisam do nosso trabalho", disse Joel Nieto, um mexicano de 43 anos que já fez todos os tipos de trabalho desde que entrou nos EUA pela primeira vez, há cerca de dez anos.