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Os cubanos ficaram sem internet e viram a presença policial aumentar drasticamente nesta segunda-feira (12), um dia depois dos protestos massivos contra a ditadura castrista. Foi a forma que o regime de Miguel Díaz-Canel encontrou para abafar as manifestações: colocar medo na população e cortar a comunicação, que no domingo se provou essencial para a propagação dos protestos pelo país. O acesso à internet continua cortado nesta terça-feira.
As informações sobre o dia histórico que chegavam à maioria da população vinham de fontes oficiais, como o discurso de Díaz-Canel, chamando os manifestantes de "delinquentes".
Contudo, alguns cubanos voltaram às ruas para protestar. Em Havana, uma transmissão ao vivo no Facebook na tarde de segunda-feira mostrou dezenas de pessoas marchando por algumas ruas da cidade.
O Diário de Cuba informou que cubanos relataram sobre manifestações em outros lugares, mas as informações não puderam ser confirmadas de maneira independente pelo veículo de comunicação. O Nuevo Herald publicou um vídeo de uma manifestação em Holguín que, segundo o jornal, ocorreu na tarde de segunda-feira. Nas imagens, pessoas jogam pedras contra a sede local do Partido Comunista de Cuba.
A possibilidade da presença de policiais à paisana nas ruas da ilha, porém, gera temor de violência e prisões entre os cubanos que, de outra forma, estariam protestando contra o regime. Além disso, alguns dos que participaram do ato no domingo estão se escondendo para não serem presos, enquanto outros estão procurando informações sobre parentes que foram detidos.
Durante o dia também foram registradas marchas a favor da ditadura.
Detenções
Segundo o serviço de ajuda jurídica Cubalex, cerca de 100 pessoas foram presas no domingo. Há vários relatos de jornalistas e artistas independentes detidos e outros que estão sendo vigiados por policiais que estão em frente às suas casas.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou nesta segunda-feira a prisão e os ataques a jornalistas independentes. "Condenamos as agressões do regime contra as pessoas que se manifestavam e também contra os jornalistas que cobriam os eventos", especialmente o apelo do presidente cubano Miguel Díaz-Canel pelo "uso da força, com a clara intenção de restringir as liberdades de associação, imprensa e expressão", disse o presidente da SIP, Jorge Canahuati.
A SIP também denunciou o uso do monopólio estatal da Empresa de Telecomunicaciones de Cuba SA (ETECSA) para silenciar os jornalistas independentes.
As recentes manifestações "são um reflexo do cansaço dos cubanos com um governo que continua a acreditar que é dono da vida e do destino de seus cidadãos", afirmou no comunicado Carlos Jornet, presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP.
UE pede libertação de opositores e jornalistas
A União Europeia (UE) pediu nesta terça-feira que as autoridades cubanas libertem "imediatamente" os cidadãos detidos nos protestos do último domingo, bem como os jornalistas, cuja detenção considerou "inaceitável".
"Temos conhecimento de relatos não só de detenções de pessoas de opositores e ativistas, mas também de jornalistas. Isto é absolutamente inaceitável", disse o porta-voz da Comunidade, Peter Stano, na entrevista coletiva diária da Comissão Europeia.