Os estudantes da primavera chilena ganharam amplo respaldo popular e agora desafiam com ainda mais força o debilitado governo de Sebastián Piñera.
Numa atípica comemoração do Dia das Crianças, no sábado, mais de 10 mil pessoas saíram às ruas de Santiago numa marcha de apoio aos protestos estudantis, que se iniciaram há quase três meses em prol de uma reforma no sistema de educação.
Numa pacífica manifestação com balões, pipocas e muitas críticas ao governo, crianças, jovens, pais, avós e professores repudiaram a violenta repressão policial da última semana, que terminou com um saldo de quase 900 detidos e 90 policiais feridos.
"A luta deles é justíssima, estamos aqui para dizer que os apoiamos", disse Cíntia Baez, 39, que chegava a uma praça central de Santiago com os dois filhos, de 11 e 16 anos.
O governo usou um decreto da ditadura de Augusto Pinochet (19731990) que lhe outorga a decisão de autorizar manifestações e proibiu, na última quinta, a realização de duas marchas.
Os estudantes muitos menores de idade desafiaram a determinação de Piñera e foram às ruas, mas terminaram reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo, cavalos e detenções.
Mas, na opinião pública, o efeito foi explosivo pesquisa recente indica que 80% dos chilenos aprovam as demandas estudantis.
Greve
Recorrentes no Chile desde 2006, os protestos estudantis estouraram em maio. A principal demanda é por uma educação pública gratuita, além do fim do endividamento dos alunos com o ensino superior.
Como o governo não apresentou uma resposta convincente, as manifestações crescem. Hoje está prevista uma greve nacional que deve reunir, além dos estudantes, trabalhadores de diversos setores, sindicatos e, agora novos na turma, os familiares.