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Manifestantes em Yerevan, capital da Armênia: país pede que a Turquia reconheça a morte de 1,5 milhão de pessoas como genocídio. | David Mdzinarishvili /Reuters
Manifestantes em Yerevan, capital da Armênia: país pede que a Turquia reconheça a morte de 1,5 milhão de pessoas como genocídio.| Foto: David Mdzinarishvili /Reuters

Milhares de pessoas foram ontem às ruas de Istambul e Ancara, na Turquia, e Yerevan, na Armênia, para lembrar os 100 anos do início da batalha de Galípoli, uma das maiores vitórias do Império Otomano durante a 1ª Guerra Mundial, e a morte de pelo menos 1,5 milhão de armênios. As manifestações aumentaram a pressão sobre o governo turco, que se nega a admitir que houve um genocídio de armênios em 1915. Países como França, Alemanha e Rússia, além do papa Francisco, reconheceram que houve um genocídio de armênios.

Condenação

O Ministério das Relações Exteriores da Turquia condenou a declaração feita pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que qualificou como genocídio o massacre de armênios. “Apesar de todas as nossas advertências e pedidos, o presidente russo Putin definiu os fatos de 1915 como ‘genocídio’, o que rejeitamos e condenamos”, diz a nota. “Essas declarações políticas são uma líquida violação dos direitos.”

Em Istambul, os manifestantes demonstraram descontentamento com a posição do governo do presidente Recep Tayyip Erdogan, que se recusa a reconhecer o genocídio e reduz o número de armênios mortos em 1915 para 500 mil, em uma região que hoje pertence à Turquia. Milhares se reuniram no centro da cidade e a palavra “genocídio” estava escrita em vários idiomas nos cartazes.

Descendentes de armênios foram às ruas de Los Angeles, nos EUA.Kevork Djansezian / Reuters

Desde 2010, um grupo de cidadãos turcos, alguns deles da comunidade local armênia, lembram no dia 24 de abril em Istambul os massacres de armênios pelo Império Otomano, silenciados pelo governo turco durante quase um século.

No ano passado, o então primeiro-ministro e agora presidente Recep Tayyip Erdogan expressou pela primeira vez suas condolências, mas descreveu as mortes dos armênios como “efeitos colaterais” da 1ª Guerra Mundial (1914-1918).

“Meus pais não sabem que estou aqui. Falar disto é ainda um tabu em muitas famílias”, disse uma jovem turca, que se identificou apenas como Yasemain. “Comparecer a uma manifestação que reivindica o reconhecimento do genocídio ainda é algo atrevido”.

Na Casa Branca

Com a bandeira turca desenhada em cartazes e camisetas, centenas de turcos protestaram ontem em frente à Casa Branca para exigir “reconciliação” com a Armênia e apoiar o governo da Turquia, que se recusa a qualificar o massacre dos armênios como genocídio. “Há massacres nos dois lados”, justificou o presidente da Assembleia de associações de turco-americanos, Mehmet Toy.

Durante a tarde, uma árvore artificial colocada na rua Istiklal atraiu centenas de pessoas, que amarraram fitas coloridas, às vezes com uma breve mensagem, nos galhos, seguindo uma tradição viva em toda a região da Anatólia e em boa parte do Mediterrâneo. Entre eles havia armênios de vários continentes que queriam lembrar o centenário da matança em plena antiga capital do Império Otomano.

Os atos comemorativos, organizados por uma plataforma turca e apoiados por associações armênias da diáspora, começaram de manhã, com uma visita às casas de intelectuais armênios detidos e deportados em 1915. No cemitério armênio de Istambul, os visitantes se reuniram no túmulo de Sevag Balikçi, um jovem recruta armênio que foi assassinado por um militante turco nacionalista em 24 de abril de 2011.

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