Ainda sob o medo do acidente nuclear na usina de Fukushima, atingida pelo terremoto e o tsunami no Japão, em 11 de março, manifestantes de vários países realizaram ontem protestos contra a energia nuclear para lembrar os 25 anos da tragédia de Chernobyl, na Ucrânia.
Com cartazes estampando a frase "Chernobyl, Fukushima nunca mais", alemães e franceses ocuparam as pontes que ligam os dois países defendendo o fim do uso da energia atômica, além de pedir o fechamento do mais antigo reator nuclear da França, em Fessenheim.
Em toda a Alemanha, mais de 100 mil pessoas participaram de manifestações em 12 usinas nucleares do país.
No Rio de Janeiro, ativistas do Greenpeace promoveram um protesto em frente ao prédio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e exigiram a suspensão da linha de financiamento para a construção da Usina Nuclear de Angra 3.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o BNDES argumentou que só pode financiar empreendimentos que cumpram as exigências legais brasileiras em relação a práticas ambientais, trabalhistas e de segurança.
No Japão, os protestos começaram no domingo. Centenas de pessoas se reuniram no centro de Tóquio para pedir o fim da energia nuclear e um maior desenvolvimento das energias renováveis. O país asiático luta para conter o vazamento radioativo da usina de Fukushima, que entrou em colapso após o terremoto de março.
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, disse que a maior lição que as autoridades de todo o mundo aprenderam com as tragédias de Chernobyl e Fukushima é que é necessário dizer sempre a verdade. Em uma reunião no Kremlin com socorristas que participaram dos arriscados trabalhos de limpeza de Chernobyl, Medvedev pediu transparência dos governos em caso de uma emergência nuclear.
Em 1986, Moscou permaneceu em silêncio sobre o desastre de Chernobyl durante três dias. Agências oficiais como a TASS só reportaram o incidente no dia 28 de abril, depois que a usina nuclear de Forsmark, na Suécia, detectou um nível alto de radiação no continente. "O Estado não teve a coragem de admitir imediatamente as consequências do que havia acontecido", disse o presidente.
No dia 26 de abril de 1986, uma falha no resfriamento causou a explosão do reator de Chernobyl. O governo soviético admitiu apenas 49 mortes, mas organizações não governamentais estimam que 60 mil pessoas morreram em decorrência do acidente, muitas por doenças causadas pela radioatividade.
O governo da Ucrânia vai investir US$ 505 milhões para construir uma nova barreira de proteção ao redor do reator danificado (veja infográfico abaixo).