Forças sírias mataram pelo menos 18 civis durante a repressão a dezenas de milhares de participantes de manifestações contra o presidente Bashar al-Assad, na primeira sexta-feira do mês islâmico sagrado do Ramadã, disseram ativistas.
Uma incursão de seis dias no centro de Hama para massacrar as manifestações pró-democracia deixaram ao menos 300 civis mortos, informaram os Comitês de Coordenação Locais, formados por ativistas.
A União de Coordenação da Revolução Síria também afirmou que as forças do governo mataram dois manifestantes e feriram 12 depois das orações noturnas do Ramadã no distrito de Maydan, em Damasco, que se tornou o reduto das manifestações, apesar do envio da Guarda Republicana à área.
Forças de segurança assassinaram um jovem de 17 anos em Nahr Aisha, nos arredores da capital síria, e um manifestante em Homs, acrescentaram as organizações.
Moradores também disseram que as forças dispararam contra as pessoas que protestavam em outras localidades nos subúrbios da capital, em Harasta, Douma e Daria.
Em Hama, tanques bombardearam o centro pelo sexto dia, e os moradores locais temem que o número de mortos --estimado em 300 desde o início da ofensiva governamental no domingo-- aumente.
Num sinal de resistência da oposição, ativistas disseram que dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de todo o país durante a sexta-feira, o dia mais importante da semana islâmica. Durante o mês do Ramadã, os muçulmanos não comem nem bebem nada durante o dia inteiro.
"Não temos medo, Deus está conosco", gritavam os manifestantes. Eles também entoavam palavras de ordem em apoio à população de Hama, e pela renúncia de Assad. "Você, sírio, levante a mão, não queremos Bashar!", gritavam os manifestantes, em imagens transmitidas ao vivo pela TV Al Jazeera.
Uma testemunha disse ao canal que o Exército proibiu protestos em Hama, e também está dissolvendo aglomerações em mesquitas, temendo que elas se transformem em passeatas após as preces da sexta-feira.
Os Comitês de Coordenação Locais, formados por ativistas, disseram que sete pessoas foram mortas em Erbin, um subúrbio de Damasco; uma em Mouadhamiya, que fica a sudoeste da capital, a apenas 30 quilômetros das colinas do Golã (território sírio ocupado por Israel); e três em Dumair, ao norte da capital.
Duas outras mortes ocorreram em Homs, 165 quilômetros ao norte de Damasco, ocupada há dois meses por tanques e blindados. Finalmente, uma pessoa foi morta no planalto de Hauran, berço da rebelião iniciada há cinco meses -- sempre segundo o relato dos ativistas.
As autoridades sírias expulsaram a maior parte da mídia estrangeira do país, o que dificulta a confirmação dos relatos feitos por ambas as partes.