Milhares de manifestantes - alguns levantando cartazes em amarelo e preto com os dizeres "EUA fora do Iraque agora" - fizeram uma passeata próxima ao Pentágono neste sábado, em um dos vários protestos que ocorreram nos Estados Unidos e no mundo. Terça-feira completam quatro anos da invasão americana no Iraque.
A manifestação, que aconteceu no dia de São Patrício, ocorreu também 40 anos depois de um protesto semelhante no Pentágono, contra a Guerra do Vietnã.
A passeata começou perto do Memorial da Guerra do Vietnã, próximo à Casa Branca, e prosseguiu acompanhando o Rio Potomac, na direção do Pentágono. "Os piores tiranos da história: Napoleão, Hitler e Bush", diziam alguns cartazes.
A frustração com a guerra do Iraque custou ao presidente George W. Bush o controle do Congresso pelos republicanos nas eleições do ano passado, e é a principal razão para que seus índices de popularidade tenham caído para perto de 30 por cento, os piores de sua Presidência.
A passeata é o mais recente protesto em Washington contra a guerra, que já matou mais de 3.200 soldados norte-americanos. Em 27 de janeiro, dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se em frente ao Capitólio para pressionar o governo a se retirar do Iraque.
A polícia afirmou que cerca de 20 manifestantes foram presos na noite de sexta-feira em frente à Casa Branca. Bush já tinha saído para a residência de campo presidencial Camp David, em Maryland, onde vai passar o fim de semana.
Centenas de pessoas realizaram uma manifestação pró-guerra nas redondezas do protesto, portando cartazes que diziam: "Ganhe a guerra ou perca para a Jihad", "Nossos soldados estão derramando seu sangue para manter os terroristas fora dos Estados Unidos", e "São Patrício: Tire os democratas de nossa terra."
Os organizadores da passeata antiguerra disseram que a nevasca da noite de sexta-feira prejudicou a manifestação. A nevasca atingiu a Costa Leste, desde Washington até New England, impedindo viagens.
A polícia de Los Angeles disse que estava esperando entre 5 mil e 10 mil manifestantes em um comício antiguerra na cidade. Outros protestos estavam marcados para Austin, no Texas.
Em Istambul, na Turquia, milhares de pessoas se reuniram para protestar contra a guerra. Cerca de mil manifestantes participaram do ato, organizado pela Coalizão de Paz e Justiça Global, na Praça de Kadikoy, onde gritavam palavras de ordem, como "Estados Unidos, saia do Oriente Médio" ou "Bush, volte para casa".
Outros três mil membros de grupos radicais de esquerda também protestaram contra a ocupação militar do país vizinho praça central de Dolmabahce.
Em Barcelona e Madri, na Espanha, Sidney, na Autrália, Seul, na Coréia do Sul, Budapeste, na Hungria, e em Atenas, na Grécia, também houve protesto contra a invasão americana.
Democratas do Congresso estão tentando criar legislação para estabelecer um prazo para a presença dos EUA no Iraque. Uma proposta que será debatida em breve na Câmara dos Deputados vincula a aprovação de 124 bilhões de dólares em fundos emergenciais de guerra a uma retirada em setembro de 2008.
Advertindo que a retirada dos Estados Unidos poderá aumentar a violência no Iraque, Bush descreveu a proposta como uma tentativa dos legisladores de "microadministrar" a guerra e ameaçou vetar uma decisão.
- As conseqüências de impor um cronograma tão artificial seriam desastrosas - disse Bush em seu pronunciamento semanal pelo rádio, neste sábado.
Bush também enfrenta outros problemas, incluindo a insatisfação com o atendimento de saúde precário para os veteranos norte-americanos, a condenação por perjúrio de um ex-assessor do vice-presidente Dick Cheney, e a indignação com a demissão de promotores públicos federais, que gerou pedidos pela exoneração do secretário da Justiça, Alberto Gonzales.
Bush anunciou um plano em janeiro para o envio de mais 21.500 soldados ao Iraque, aumentando ainda mais a oposição à guerra. O número de soldados adicionais enviados subiu para cerca de 30 mil, contando as tropas de apoio. Seu plano visa controlar a violência em Bagdá e na província de Anbar, no oeste do Iraque.
Neste sábado, o Pentágono anunciou o envio de mais 2,6 mil homens ao Iraque. Neste mesmo dia, o primeiro-ministro da França, Dominique de Villepin, pediu a retirada, até 2008, de todas as tropas estrangeiras do Iraque .
O jornal britânico The Times publicou em sua edição deste sábado que o juiz iraquiano que sentenciou Saddam Hussein à morte estaria em Londres em busca de asilo político .