Manifestantes escalam um portão próximo ao palácio presidencial ucraniano, em Kiev, gritando: “Abaixo a gangue!”| Foto: Gleb Garanich/Reuters

Egito

Grupo aprova proposta de Carta e apóia Forças Armadas

O grupo responsável por elaborar uma nova constituição para o Egito aprovou ontem uma proposta de Carta Magna que preserva os amplos poderes das Forças Armadas, entre eles a possibilidade de julgar civis em casos específicos.

A proposta de constituição será levada a referendo no início do ano que vem, no que tem sido rotulado pelo governo como a primeira fase da "transição para a democracia" prometida pelos militares que depuseram o presidente Mohammed Mursi em julho.

Eleito no ano passado, ele foi o primeiro presidente escolhido democraticamente na milenar história do Egito.

A manutenção dos amplos poderes das Forças Armadas é criticada por ativistas que exigem a restauração da democracia no país e também por grupos de defesa dos direitos humanos.

Pelos termos propostos, a constituição autoriza as Forças Armadas a processarem civis em certos casos, a indicar o ministro da Defesa e a manter o orçamento militar longe de qualquer escrutínio civil.

Durante o domingo, a polícia egípcia lançou bombas de gás lacrimogêneo na tentativa de dispersar centenas de manifestantes que entraram na Praça Tahrir, na região central do Cairo, para protestar pela restauração da democracia e pela volta do presidente.

Os incidentes marcaram o primeiro grande protesto em quase um ano no local que foi epicentro da revolta popular que derrubou a ditadura militar de Hosni Mubarak em 2011.

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A instabilidade política ronda a Tailândia des­de a deposição do premiê Som­chai Wongsawat, em 2008, quando manifestantes ocuparam dois aeroportos de Bangcoc por uma semana depois de tomar o gabinete do primeiro-ministro por três meses.

Estudantes pró-Mursi ocupam a Praça Tahrir, no Cairo: local foi epicentro da revolta de 2011
Manifestante usa lenço molhado durante confronto com a polícia em Bangcoc, na Tailândia

Cerca de 300 mil manifes­tantes marcharam ontem pelo centro da capital da Ucrânia, Kiev, desafiando uma proibição do governo de realizar protestos na Praça da Independência, na maior demonstração de repúdio pela recusa do presidente Viktor Yanukovych em assinar um acordo com a União Europeia (UE). Dezenas de pessoas ficaram feridas em choques com a polícia.

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Gritos de "revolução" ressoaram no mar de bandeiras da Ucrânia e da UE que encheram a praça, onde o governo havia proibido comícios a partir deste domingo. A multidão era, de longe, a maior desde o início dos protestos, há mais de uma semana. Muitos dos manifestantes viajaram do oeste do país para Kiev, onde o sentimento pró-UE é particularmente forte.

"Estamos furiosos", disse Mykola Sapronov, um empresário aposentado de 62 anos. "Os líderes devem renunciar. Queremos a Europa e a liberdade."

À medida que milhares de pessoas dirigiam-se à Praça da Independência, a polícia permitiu que os manifestantes se aglomerassem ali pacificamente. A tropa de choque interveio quando um grupo tentou arrombar as portas da prefeitura.

Apesar da ação policial, alguns manifestantes favoráveis à aproximação da Ucrânia com a UE conseguiram entrar na prefeitura de Kiev e estabeleceram ali o que chamaram de "sede temporária da oposição unidade", disse uma porta-voz da polícia.

"As autoridades estão agora negociando com os ocupantes da prefeitura. Eles estão sendo informados sobre a ilegalidade do ato e é pedido a eles que deixem o prédio", disse Olga Bilyk, porta-voz da polícia de Kiev.

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Livre comércio

Protestos têm sido realizados diariamente em Kiev há mais de uma semana, após Yanukovych desistir de um acordo que teria estabelecido o livre comércio e uma cooperação política mais profunda entre a Ucrânia e a UE. Ele justificou a decisão dizendo que a Ucrânia não podia arcar com uma quebra dos laços de comércio com a Rússia.

Originalmente, o acordo com a UE deveria ter sido assinado na sexta-feira. Desde então, os protestos ganharam força. A manifestação também foi alimentada pela raiva contra a violência na dispersão de centenas de pessoas que estavam na Praça da Independência na madrugada de sábado. Alguns dos manifestantes ficaram feridos na cabeça e nos braços.

Opositor dá ultimato a premiê da Tailândia

O líder dos protestos contra o governo da Tailândia, que já duram uma semana, anunciou que se reuniu com a primeira-ministra Yingluck Shinawatra ontem e afirmou ter dado a ela um ultimato de 48 horas para "devolver o poder ao povo".

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Em tom de desafio, o líder opositor Suthep Thaugsuban disse que não aceitaria da primeira-ministra "nada menos do que a renúncia" de seu governo, eleito nas urnas, e sua substituição por um "conselho de notáveis".

Suthep Thaugsuban disse que a reunião com a primeira-ministra foi mediada pelo exército, que alega neutralidade no conflito político.

Mais cedo, a polícia reagiu pela primeira vez contra os manifestantes que tentam derrubar o governo. Policiais dispararam bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter a multidão que atirava pedras e tentava chegar ao complexo de escritórios da primeira-ministra.

Violência

A violência marca a escalada mais acentuada do conflito entre opositores e apoiadores da governante e eleva os temores de instabilidade prolongada em uma das maiores economias do Sudeste Asiático.

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Até agora, pelo menos três pessoas foram mortas e 103 ficaram feridas em confrontos, de acordo com a polícia e os serviços de emergência. A maioria das vítimas estavam em um estádio de Bangcoc, onde tiros foram disparados ontem pelo segundo dia, deixando uma pessoa morta.

Yingluck passou a manhã em reuniões em um complexo policial em Bangcoc, mas cancelou uma entrevista coletiva e saiu para um local desconhecido depois que mais de uma centena de manifestantes "tentavam ir atrás dela", de acordo com a secretária da primeira-ministra, Wim Rungwattanajinda. Mas vários manifestantes entrevistados disseram que não sabiam que Yingluck estava lá dentro. E aqueles que entraram por alguns minutos no complexo disseram que não chegaram perto do edifício fortemente protegido onde Yingluck estava. A agitação forçou os maiores shoppings de Bangcoc a fecharem.