Milhares de manifestantes marcharam pela cidade central de Bouake, na Costa do Marfim, neste sábado, alguns deles ateando fogo em carros, destruindo lojas e saqueando um prédio do governo.

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As passeatas têm irrompido quase diariamente no maior exportador mundial de cacau desde que o presidente Laurent Gbagbo dissolveu o governo e a comissão eleitoral uma semana atrás, após uma disputa em torno do cadastro dos eleitores.

Os manifestantes em Bouake gritavam: "Não queremos Gbagbo," enquanto um grupo deles invadiu um prédio do governo e roubou equipamentos, segundo testemunhou um repórter da Reuters. Os saqueadores atearam fogo em pelo menos dois carros.

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Na cidade de Gagnoa, no sudoeste do país, forças de segurança dispersaram manifestantes com gás lacrimogêneo um dia depois de abrir fogo e matar cinco pessoas.

Os embates de sexta-feira foram os primeiros a causar derramamento de sangue em uma semana de protestos, aumentando a tensão no momento em que a ira da população cresce diante de anos de adiamentos no calendário eleitoral.

Os militares confirmaram em cadeia nacional de TV que cinco pessoas foram mortas e nove foram feridas na sexta-feira.

Gbagbo disse em um comunicado no jornal estatal Fraternité Matin que restituiu temporariamente o ministro da Defesa Michel N'Guessan Amani, o ministro do Interior Désiré Tagro e o ministro das Finanças Charles Diby para lidar com assuntos de governo enquanto o primeiro-ministro forma um novo gabinete.

O premiê Guillaume Soro, um ex-rebelde da guerra civil de 2002-2003 que dividiu o país em dois, deve montar um novo governo no sábado, mas um assessor disse que este só será anunciado na segunda-feira.

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A reforma da comissão eleitoral pode tomar mais tempo, e a Costa do Marfim certamente perderá o prazo de março para realizar eleições presidenciais, já atrasadas em quatro anos e meio.

Gbagbo dissolveu a comissão eleitoral após acusar seu chefe Robert Mambe de acrescentar nomes ilegalmente ao cadastro de eleitores para reforçar o voto da oposição.

Muitos marfinenses se tornaram descrentes de seus líderes após os anos de limbo político, durante os quais nem Gbagbo nem os rebeldes mostraram pressa para resolver a crise no país africano outrora próspero.