A organização não governamental Human Rights Watch (HRW) afirmou nesta terça-feira (10) que as provas disponíveis sobre o ataque com armas químicas contra dois distritos de Damasco em agosto indicam que o regime de Bashar Al Assad esteve por trás do mesmo.
Em seu relatório "Ataques contra Guta: Análise do suposto uso de armas químicas na Síria", divulgado hoje, a HRW lembra que nos ataques, que mataram centenas de civis, inclusive crianças, pode ter sido utilizado um agente neurotóxico, possivelmente o gás sarin.
"Os restos dos foguetes e os sintomas das vítimas dos ataques do dia 21 de agosto em Guta proporcionam evidências que revelam o tipo de armamento utilizado", afirmou no documento o diretor de Emergências da HRW, Peter Bouckaert, autor do relatório.
Segundo o especialista, "as provas sugerem com força que as tropas do governo sírio lançaram foguetes com agentes químicos contra os subúrbios de Damasco naquela horrível manhã".
Para realizar sua investigação sobre o ocorrido nos distritos de Guta Oriental e Ocidental, controlados pela oposição, a HRW estudou os relatos de testemunhas e a informação disponível sobre a possível origem dos ataques.
Além disso, analisou os restos das armas usadas e os sintomas apresentados pelas vítimas, mas não teve acesso às áreas atingidas.
Segundo a organização, as provas disponíveis sobre o tipo de foguetes e as plataformas de lançamento utilizadas revelam uma classe de armamento utilizado somente pelas forças do regime.
Nesse sentido, a HRW explicou que, de acordo com vídeos disponíveis no YouTube e fotografias de ativistas, foram utilizados dois tipos de projéteis, um de 330 mm que parece ter sido desenvolvido para levar substâncias químicas em estado líquido, e outro, de produção russa e de 140 mm, que pode incorporar uma ogiva especial para transportar 2,2 quilos de gás sarin.
Nesse sentido, o relatório ressalta que nem a HRW, nem os analistas que acompanham a utilização de armamento na Síria, documentaram que a oposição possui esse tipo de foguetes.
O grupo, que falou com três médicos de Guta que atenderam às vítimas, acrescentou que elas apresentaram sintomas como asfixia, respiração irregular, espasmos, secreções líquidas por nariz e olhos, convulsões e enjôos, mas em nenhum caso foram relatados traumatismos, que são frequentes em ataques com explosivos e armas incendiárias.
A HRW destacou que esses sintomas e a falta de traumatismos ocorrem quando alguém se expõe a substâncias químicas como o gás sarin.
A organização disse que o ocorrido em Guta representa o maior ataque com armas químicas em 25 anos, desde o realizado pelo governo do Iraque contra civis curdos em Halabja em 1988.
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