O cérebro pode produzir antidepressivos naturais quando corretamente estimulado, o que sugere que meditar ou ir a lugares especiais realmente funciona, segundo um estudo científico publicado nesta quarta-feira (8).
Ratos forçados a nadar infinitamente, até que preferissem apenas flutuar e esperar o afogamento, recuperavam a vontade de viver quando ouviam um tom associado à segurança.
Isso sugere a capacidade de replicar esse estímulo em humanos e de desenvolver medicamentos melhores contra a depressão, segundo Eric Kandel, do Instituto Médico Howard Hughes e da Universidade Columbia, de Nova York, que dirigiu a pesquisa.
Por telefone, ele explicou que uma visita ao campo, por exemplo, pode ter o mesmo efeito do som reconfortante para os ratos.
Os cientistas já haviam realizado o clássico condicionamento dos ratos - fazendo-os associar determinado som a uma dor, até que temessem o próprio som -, quando decidiram realizar o exercício contrário.
Então, tocavam um som apenas quando não estavam dando choques nos ratos. "Ele aprendia que a única hora em que estava realmente seguro era quando o tom aparecia", disse Kandel.
Para deixar um rato deprimido, eles o deixavam nadando desesperadamente, até que desistisse. "Quando se dá um antidepressivo a um animal, ele começa a nadar de novo. Quando tocávamos o tom, ele começava a nadar de novo, como com os antidepressivos."
Outros experimentos mostravam uma atuação complementar do estimulo externo e do antidepressivo. O som acionava neurotransmissores diferentes dos medicamentos - a dopamina e a serotonina, respectivamente.
O condicionamento também afetou um composto chamado fator neurotrófico derivado do cérebro, que ajuda a alimentar e estimular o crescimento de células cerebrais.
Ratos condicionados pelo som da "segurança" também tinham mais células cerebrais recém-nascidas no giro dentado, uma parte do cérebro associada ao aprendizado e à depressão.
Usando radiação para reduzir o nascimento de novas células no giro dentado, os efeitos da "segurança aprendida" e dos antidepressivos eram afetados.
Kandel lembrou que os antidepressivos parecem funcionar, em parte, por estimular o crescimento de novas células cerebrais, algo que a psicoterapia também faz.
"Aprender envolve alterações no cérebro e na expressão genética. A psicoterapia nada mais é do que uma forma de aprendizado", disse ele.
Isso mostra que a psicoterapia, a meditação e outras práticas contra o estresse podem e devem ajudar no desenvolvimento de novos remédios. "Isso pode abrir novos caminhos que podem ser lucrativos."
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