O publicitário goiano Marcus Vinícius Queiroz, 56 anos, foi o responsável pela mudança na campanha de Juan Manuel Santos, reeleito hoje (15) na Colômbia. Depois de começar o segundo turno em desvantagem, atrás de Óscar Zuluaga, do Centro Democrático, Santos venceu as eleições com 50,8% dos votos. Zuluaga teve a campanha planejada pelo também brasileiro Duda Mendonça. "É muito bom ganhar do Duda", disse, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, logo depois do anúncio do resultado.

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Queiroz chegou à campanha santista na semana passada, depois de ter feito a campanha de Clara López, candidata do Polo Democrático Alternativo (esquerda), que surpreendeu no primeiro turno com mais de dois milhões de votos e terminou em quarto lugar. "O desafio, com ela, era torná-la mais conhecida", contou.

Queiroz foi para a equipe santista após pedido do próprio presidente reeleito a Clara López, com o objetivo de mudar a estratégia da campanha – considerada por analistas como ineficiente na comunicação do processo de paz e na aproximação de Santos com as pessoas.

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"Faltava emoção na campanha santista, não só na abordagem do tema da paz, mas em outros assuntos. Nós trouxemos esta carga emotiva, e funcionou" comentou. A entrada de Marcus Vinícius coincidiu com a "virada" de Santos, que começou a ser sentida na semana passada, durante um debate que ele teve com Zuluaga na TV Caracol, uma das maiores emissoras colombianas.

Em seguida, na última segunda-feira (9), Zuluaga mostrou-se muito agressivo. Um comercial de sua campanha, em que uma atriz jogava laranjas em protesto contra a educação, não agradou ao público, e a personagem começou a ser chamada de "a louca das laranjas". A campanha de Santos mostrou, então, um vídeo de uma senhora analfabeta que disse que não votaria em Zuluaga. Este vídeo também viralizou no país, e começou a ser chamado de "a avó de Zuluaga".

Nos últimos três dias de campanha, Queiroz disse que explorou o tema da paz com a gravação de um clipe de uma música muito conhecida na Colômbia. Vários políticos e artistas também gravaram teasers (propagandas curtas) com mensagens dizendo que votariam em Santos pela paz.

Em 2013, o publicitário goiano trabalhou com Santos durante um mês, em outubro. A popularidade de Santos estava abaixo de 30%, e ele precisava recuperar a confiança do eleitorado após uma crise no setor agrícola.

"Na época, a popularidade do presidente voltou a subir 15%, mas os assessores do presidente não quiseram dar continuidade ao processo que havíamos iniciado", contou.

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Segundo ele, para socorrer a campanha nessa reta final, ganhou apenas uma bonificação simbólica, e acertou que ganharia um valor depois, caso Santos fosse eleito. "Veremos isso depois", disse, sem revelar valores. No Brasil, Queiroz trabalhou em campanhas no Tocantins e para alguns membros do PMDB nacional.