Representantes da Alba (bloco que inclui Venezuela, Nicarágua, Cuba, Bolívia, Dominica, Equador, Antigua e Barbuda e São Vicente e Granadinas) denunciaram nesta sexta-feira (3) na Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP 16) que há um "punhado de países, que não são nem cinco" que estão bloqueando a aprovação de uma segunda etapa para o Protocolo de Kyoto.
"Acabamos de sair de uma reunião informal em que íamos discutir qual seria a posição de compromisso de todos os países, mas sobretudo em relação a Kyoto. E quando falamos em compromisso não estamos falando sobre quais são as posições nacionais de cada um, mas onde cada um dos países desenvolvidos pensa que pode haver um acordo, e as mensagens que escutamos para minha surpresa foram as seguintes: não há possibilidade nenhuma de que em Cancún ocorra um segundo período de compromissos", disse a negociadora-chefe venezuelana Claudia Salerno.
Aprovado em 1997, o Protocolo é o único instrumento legalmente vinculante (de cumprimento obrigatório), em que países desenvolvidos se comprometem a reduzir suas emissões de gases causadores de efeito estufa. Como ele expira em 2012 e não há um acordo para substituí-lo, discute-se que seja prorrogado, para que não haja um período sem acordo algum.
Claudia Salerno não quis especificar quais são os países que estão bloqueando a negociação, alegando-se não ser apropriado num ambiente de negociação multlateral. Apenas o Japão assumiu abertamente que é contra a continuidade do protocolo. Especula-se que Rússia, Austrália e Canadá sejam os outros.
A representante venezuelana pediu que os países utilizem as horas restantes de hoje para mudar suas posições e cheguem a algum avanço, antes que sejam apresentado o texto resultante dos grupos de trabalho da Conferência, que na próxima semana entra em sua fase de "alto nível", com a chegada dos ministros e chefes de Estado.
Japão
O Japão manifestou expressamente na COP 16, em Cancún, que prefere a aprovação de um acordo mais amplo, já que o de Kyoto, em especial por não obrigar China e EUA a reduções de emissões, cobre apenas 27% do total de gases estufa emitido no planeta. O Acordo de Copenhague, texto não vinculante redigido na COP 15, em 2009, abrange mais de 80% das emissões, argumenta o Japão. Por isso, seria mais efetivo avançar com ele. "Faremos todo o possível para reduzir nossas emissões e fazer um único documento", disse Hideki Minamikawa, vice-ministro para Assuntos Ambientais Globais do país.
Os EUA não ratificaram o Protocolo de Kyoto internamente e a China não tem obrigação de reduzir suas emissões porque é um país em desenvolvimento. Os dois são os maiores emissores de carbono na atmosfera.
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