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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou nesta terça-feira (1º) os Estados Unidos de não estarem preocupados com a segurança da Ucrânia, mas de usarem o país vizinho como um “instrumento” para “conter o desenvolvimento da Rússia”.
“Nos arrastando para um conflito armado e nos impondo as sanções mais duras com a ajuda de seus aliados na Europa. Ou arrastar a Ucrânia para a Otan, colocar lá armamento ofensivo e encorajar os ultranacionalistas a resolver militarmente a questão de Donbass e Crimeia, para que eles também nos empurrem para um conflito armado”, declarou, durante uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.
“Para evitar um desenvolvimento tão negativo dos eventos - e nós queremos fazê-lo -, temos realmente que levar em conta os interesses de todos os países, incluindo a Rússia, e encontrar uma variante para a solução deste problema”, acrescentou.
Ele voltou a acusar os líderes ocidentais de quebrarem a promessa de não expandir a Otan, a aliança militar do Ocidente, “nem um centímetro” para o Leste Europeu e de ignorarem até agora as principais “preocupações” de segurança da Rússia.
Ele advertiu nesta terça-feira que a adesão da Ucrânia à Otan pode levar a uma guerra entre a Rússia e a aliança militar pelo controle da península da Crimeia.
“Imaginemos que a Ucrânia, como país da Otan, inicia uma operação militar desse tipo (para controle da Crimeia). O que faremos? Lutaremos com a Otan? Alguém pensou nisso? Aparentemente não”, disse Putin, que ordenou a anexação da península em 2014. Ele enfatizou que a doutrina militar da Ucrânia inclui a “retomada da Crimeia, inclusive por meios militares”.
“Não é algo que eles dizem em público, está escrito em seus documentos”, disse.
Ele afirmou que Kiev considera a possibilidade de lançar uma operação militar contra a Crimeia e a região de Donbass assim que a Otan implantar armas ofensivas modernas em seu território, como já fez na Polônia e na Romênia.
Ele lembrou que o Kremlin considera a questão da Crimeia, que Moscou chama de seu “território soberano”, como “fechada”.
Putin alegou que a política de portas abertas da Otan não está escrita em nenhum lugar. “Onde saiu? Onde está escrito? Em nenhum lugar”, afirmou.
O líder russo também disse que no artigo 10 do Tratado do Atlântico Norte que institui a Otan está escrito que a aliança pode aceitar outros países europeus com a aprovação de todos os seus membros.
“Pode, mas não é obrigada a fazê-lo. Tanto os EUA quanto a Otan podem dizer, inclusive para a Ucrânia, que queremos garantir sua segurança, nós a valorizamos. Respeitamos suas aspirações, mas não podemos aceitá-la, porque temos outras obrigações internacionais”, comentou.
“Temos que encontrar uma maneira de garantir a segurança e os interesses de todos os participantes neste processo, da Ucrânia aos países europeus e à Rússia. Mas isso só é possível através de uma análise séria e ponderada das propostas incluídas em nossos documentos”, argumentou.
