Combate
Forças ucranianas detêm ministro da defesa de Donetsk
Reuters
As forças de segurança ucranianas capturaram o ministro da Defesa da autoproclamada "República Popular de Donetsk", Igor Kakidzianov, durante um tiroteio com milicianos pró-Rússia, afirmou ontem o Ministério do Interior da Ucrânia.
O incidente aconteceu na região mineradora de Donetsk, onde as forças ucranianas realizam uma ofensiva para retomar o controle, quando um grupo de insurgentes separatistas atacou um ônibus que levava policiais.
"Foi um verdadeiro combate que durou mais de uma hora. Dispararam nos militares com metralhadoras e fuzis Kalashnikov, o motorista foi ferido", informou o conselheiro de Interior, Antón Gerashenko.
Além disso, a assessoria de imprensa da pasta detalhou que um dos militantes foi morto no tiroteio, e outros dois, entre eles Kakidzianov, foram capturados. As forças pró-Rússia e o exército ucraniano retomaram ontem os combates em várias cidades da região de Donetsk.
Debate
Os dissidentes vão levar o pedido de Vladmir Putin sobre o adiamento do referendo a uma reunião hoje de sua autoproclamada Assembleia Popular. Moradores em áreas controladas por rebeldes pró-Moscou ficaram surpresos com as declarações do presidente russo, já que a independência parecia inevitável.
Fascismo
A Rússia acusou ontem a Europa de ignorar o auge do "fascismo" na Ucrânia e pediu uma investigação exaustiva sobre a morte de de ativistas pró-Moscou na semana passada. Um incêndio na Casa dos Sindicatos de Odessa, sul da Ucrânia, matou 42 pessoas, em sua maioria militantes pró-Rússia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que as tropas do seu país deixaram ontem as regiões na fronteira com a Ucrânia.
"Sempre nos dizem que nossas forças na fronteira ucraniana são uma preocupação. Nós as retiramos. Hoje elas não se encontram na fronteira, estão em locais onde conduzem suas atividades regulares em campos de treinamento", disse Putin.
O presidente ainda afirmou que é possível comprovar a retirada: "Isso pode ser verificado com muita facilidade por meios modernos de reconhecimento, incluindo a observação espacial", disse.
Observadores internacionais e potências ocidentais acusam o presidente da Rússia de manter tropas na fronteira com a Ucrânia e apoiar os insurgentes do leste e do sul do país com o objetivo de desestabilizar o governo interino de Kiev. Um alto funcionário da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse que a aliança não identificou nenhum sinal de uma retirada russa da fronteira, para onde Moscou enviou dezenas de milhares de soldados, proclamando o direito de invadir a Ucrânia para proteger a população russófona.
Referendo
Na terça-feira, Putin pediu aos separatistas pró-Moscou da Ucrânia que adiem uma votação sobre o desmembramento do país, a apenas cinco dias de sua realização, potencialmente recuando de uma iminente fragmentação da Ucrânia.
O ato foi o primeiro sinal dado pelo líder do Kremlin de que não endossaria o referendo planejado para domingo por rebeldes pró-Rússia em busca da independência de duas províncias que somam 6,5 milhões de habitantes e cerca de um terço da produção industrial ucraniana.
"Nós pedimos aos representantes do sudeste ucranianoque adiem o referendo marcado para 11 de maio", disse Putin. Ele afirmou que criaria condições para um diálogo entre Kiev e os separatistas.
Ministro brasileiro critica adoção de sanções
Sem citar diretamente a crise entre Rússia e Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, criticou, na última terça-feira, a adoção de sanções que "muitas vezes não resolvem o problema".
Em ação articulada com países europeus, os Estados Unidos já adotaram punições financeiras a companhias e indivíduos próximos ao presidente russo, Vladimir Putin, e ameaçam sanções mais duras sobre o comércio, energia e equipamentos militares. As medidas seriam uma resposta ao descumprimento por parte da Rússia de acordo de paz assinado com a Ucrânia. "Não queremos ver uma espiral de sanções contra sanções que não se amparam na carta da ONU e que muitas vezes não resolvem o problema", disse o chanceler em audiência pública na Câmara dos Deputados. A reunião é acompanhada pelo embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko.
Durante sua fala, o chanceler brasileiro defendeu ainda a "liberdade de manifestação" de populações e sua opinião expressa em eleições a Ucrânia passa por uma eleição presidencial no dia 25 deste mês. "Outro desafio importante é a manifestação por liberdade e o respeito a essa liberdade de manifestação, que passa por ouvir e reagir adequadamente à manifestação legitima da população", afirmou.