Vladmir Putin estaria sinalizando para conter a crise| Foto: Sergei Karpukhin/ Reuters

Combate

Forças ucranianas detêm ministro da defesa de Donetsk

Reuters

As forças de segurança ucranianas capturaram o ministro da Defesa da autoproclamada "República Popular de Donetsk", Igor Kakidzianov, durante um tiroteio com milicianos pró-Rússia, afirmou ontem o Ministério do Interior da Ucrânia.

O incidente aconteceu na região mineradora de Donetsk, onde as forças ucranianas realizam uma ofensiva para retomar o controle, quando um grupo de insurgentes separatistas atacou um ônibus que levava policiais.

"Foi um verdadeiro combate que durou mais de uma hora. Dispararam nos militares com metralhadoras e fuzis Kalashnikov, o motorista foi ferido", informou o conselheiro de Interior, Antón Gerashenko.

Além disso, a assessoria de imprensa da pasta detalhou que um dos militantes foi morto no tiroteio, e outros dois, entre eles Kakidzianov, foram capturados. As forças pró-Rússia e o exército ucraniano retomaram ontem os combates em várias cidades da região de Donetsk.

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Debate

Os dissidentes vão levar o pedido de Vladmir Putin sobre o adiamento do referendo a uma reunião hoje de sua autoproclamada Assembleia Popular. Moradores em áreas controladas por rebeldes pró-Moscou ficaram surpresos com as declarações do presidente russo, já que a independência parecia inevitável.

Fascismo

A Rússia acusou ontem a Europa de ignorar o auge do "fascismo" na Ucrânia e pediu uma investigação exaustiva sobre a morte de de ativistas pró-Moscou na semana passada. Um incêndio na Casa dos Sindicatos de Odessa, sul da Ucrânia, matou 42 pessoas, em sua maioria militantes pró-Rússia.

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O presidente da Rússia, Vla­­dimir Putin, disse que as tropas do seu país deixaram ontem as regiões na fronteira com a Ucrânia.

"Sempre nos dizem que nos­­sas forças na fronteira ucra­­niana são uma preocupação. Nós as retiramos. Hoje elas não se encontram na fronteira, estão em locais onde conduzem suas atividades regulares em campos de treinamento", disse Putin.

O presidente ainda afirmou que é possível comprovar a retirada: "Isso pode ser verificado com muita facilidade por meios modernos de reconhecimento, incluindo a observação espacial", disse.

Observadores internacionais e potências ocidentais acusam o presidente da Rússia de manter tropas na fronteira com a Ucrânia e apoiar os insurgentes do leste e do sul do país com o objetivo de desestabilizar o governo interino de Kiev. Um alto funcionário da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse que a aliança não identificou nenhum sinal de uma retirada russa da fronteira, para onde Moscou enviou dezenas de milhares de soldados, proclamando o direito de invadir a Ucrânia para proteger a população russófona.

Referendo

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Na terça-feira, Putin pediu aos separatistas pró-Moscou da Ucrânia que adiem uma votação sobre o desmembramento do país, a apenas cinco dias de sua realização, potencialmente recuando de uma iminente fragmentação da Ucrânia.

O ato foi o primeiro sinal dado pelo líder do Kremlin de que não endossaria o referendo planejado para domingo por rebeldes pró-Rússia em busca da independência de duas províncias que somam 6,5 milhões de habitantes e cerca de um terço da produção industrial ucraniana.

"Nós pedimos aos representantes do sudeste ucranianoque adiem o referendo marcado para 11 de maio", disse Putin. Ele afirmou que criaria condições para um diálogo entre Kiev e os separatistas.

Ministro brasileiro critica adoção de sanções

Sem citar diretamente a cri­­se entre Rússia e Ucrânia, o ministro das Relações Ex­­te­­riores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, criticou, na última terça-feira, a adoção de sanções que "muitas vezes não resolvem o problema".

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Em ação articulada com países europeus, os Estados Unidos já adotaram punições financeiras a companhias e indivíduos próximos ao presidente russo, Vladimir Putin, e ameaçam sanções mais duras sobre o comércio, energia e equipamentos militares. As medidas seriam uma resposta ao descumprimento por parte da Rússia de acordo de paz assinado com a Ucrânia. "Não queremos ver uma espiral de sanções contra sanções que não se amparam na carta da ONU e que muitas vezes não resolvem o problema", disse o chanceler em audiência pública na Câmara dos Deputados. A reunião é acompanhada pelo embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko.

Durante sua fala, o chanceler brasileiro defendeu ainda a "liberdade de manifestação" de populações e sua opinião expressa em eleições – a Ucrânia passa por uma eleição presidencial no dia 25 deste mês. "Outro desafio importante é a manifestação por liberdade e o respeito a essa liberdade de manifestação, que passa por ouvir e reagir adequadamente à manifestação legitima da população", afirmou.