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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (2) que suspenderá de novo o acordo de exportação de grãos da Ucrânia, se o país vizinho violar as garantias que deu por escrito de que não utilizará o corredor humanitário e os portos ucranianos com fins militares.
A declaração foi dada horas depois de o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ter anunciado que a Rússia havia dado sinal verde para a reativação do acordo.
“Dei instruções ao Ministério da Defesa para que retomemos nossa plena participação nesse trabalho. Ao mesmo tempo, a Rússia se reserva ao direito de se retirar desse acordo, se a Ucrânia violar essas garantias”, disse Putin, no início de uma reunião virtual do Conselho de Segurança da Rússia.
Putin destacou que a Turquia atuou como mediador, após a Rússia suspender, em 29 de outubro, o acordo de exportações de grãos firmado em julho deste ano, em pacto respaldado por Ancara e pela ONU.
Mais cedo, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou ter recebido “garantias da Ucrânia de que o corredor humanitário não seria utilizado com finalidades militares”.
Essa foi uma das exigências da Rússia para retomar a participação no pacto, que expiraria em 19 de novembro, e cuja prorrogação Moscou ainda está estudando, junto com a investigação exaustiva do suposto ataque da Ucrânia contra a frota russa no Mar Negro, em Sevastopol, com drones navais.
A Turquia havia pedido para que Putin separe as duas questões, por considerar importante voltar com o acordo, para prevenir uma maior crise alimentar no mundo.
O presidente da Rússia garantiu que não irá interferir no fornecimento de cereais da Ucrânia para a Turquia.
“Não interferiremos no futuro, de forma alguma, com o fornecimento de cereais desde o território da Ucrânia para a república da Turquia”, garantiu Putin.
O chefe de Estado destacou como aspectos que favorecem essa postura russa a neutralidade turca na guerra da Ucrânia, as capacidades da indústria de processamento de cereais turca e os esforços de Erdogan para garantir os interesses dos países mais pobres.
Putin também alegou que a Rússia, inclusive, em caso de retirada do novo do acordo, está preparada para fornecer grãos aos países mais necessitados.
“Em todo caso, inclusive, se a Rússia se retirar deste acordo, nós, como dissemos anteriormente, estaremos prontos para fornecer grátis todo o volume de grãos que se entregou desde o território da Ucrânia aos países mais pobres”, indicou.
Putin voltou a criticar o acordo, ao afirmar que apenas 4% dos grãos ucranianos exportados a partir do pacto chegam às nações mais necessitadas
“O acordo foi feito com o pretexto de garantir os interesses da segurança alimentar dos países, mas apenas 4% foi do território da Ucrânia para os países mais pobres. Já os restantes foram parar em países da União Europeia”, afirmou.