O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, chegou nesta sexta-feira a Caracas para se reunir com dois rivais sul-americanos dos Estados Unidos e para lançar um projeto petrolífero de 20 bilhões de dólares na bacia do Orinoco.
Putin vai discutir questões de energia, agricultura e defesa com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Mais tarde, se reunirá com o presidente da Bolívia, Evo Morales. Chávez e Morales estão entre os principais críticos do "imperialismo" norte-americano na América Latina.
Chávez disse que Moscou e Caracas vão reforçar seus vínculos de segurança para "continuar aumentando a capacidade defensiva da Venezuela," e devem discutir também uma cooperação nuclear.
"Não vamos construir a bomba atômica, mas sim desenvolver a energia nuclear para propósitos pacíficos. Temos de nos preparar para a era pós-petróleo," disse Chávez, cujo país é um grande exportador de petróleo, durante reunião ministerial na noite de quinta-feira.
A Venezuela enfrenta uma crise energética que se reflete em constantes apagões, e o governo Chávez está recorrendo ao Irã e à Rússia para tentar desenvolver a energia nuclear.
Além disso, o país busca tecnologia e investimentos estrangeiros para explorar os depósitos de petróleo pesado do Orinoco, e também empréstimos para pagar equipamentos militares comprados da Rússia - um valor equivalente a 4 bilhões de dólares desde 2005, em caças Sukhoi, helicópteros e rifles Kalashnikov.
Em setembro, durante sua oitava visita a Moscou, Chávez obteve mais de 2 bilhões de dólares em empréstimos para comprar mais armamentos russos, inclusive tanques e um avançado sistema antiaéreo S-300.
No ano passado, o governo norte-americano manifestou preocupação de que a venda de armas russas à Venezuela, grande fornecedor de petróleo para os EUA, gerasse uma corrida armamentista na região.
O ponto alto da visita de Putin será a criação de uma parceria entre a estatal local de petróleo PDVSA e um consórcio de firmas russas para explorar o campo Junin 6, na vasta bacia do Orinoco, que segundo a Venezuela possui as maiores reservas mundiais de hidrocarbonetos.
O projeto exigirá investimentos de 20 bilhões de dólares ao longo de 40 anos, para produzir cerca de 450 mil barris por dia, ou quase um quinto da atual produção venezuelana de petróleo.