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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu nessa terça-feira (22) a autoridades do Poder Executivo e ao Banco Central do país (BCR) que utilizem os instrumentos de que dispõem para travar a instabilidade financeira provocada pela desvalorização do rublo, atingido pela sanções internacionais e pelo desequilíbrio da balança comercial devido à guerra na Ucrânia.
"Nos últimos meses, a volatilidade nos mercados financeiros aumentou consideravelmente [...]. Obviamente, essas oscilações dificultam a tomada de decisões sobre investimentos por parte das empresas e dos cidadãos", disse Putin durante uma reunião com membros do Executivo, transmitida ao vivo pela televisão russa.
O presidente afirmou que o Ministério da Economia junto a outras autoridades e o BCR devem adaptar-se à situação criada e, entre outras coisas, “limitar a procura especulativa e improdutiva da economia, controlando a fuga de capitais”.
O mandatário admitiu que, apesar de ser um assunto que ele e seu governo seguem acompanhando de perto, "os riscos inflacionários estão aumentando" - a inflação subiu para 3,52% em meados de agosto -, por isso "conter a alta dos preços agora é para o primeiro plano".
"Peço aos colegas do governo e do BCR que mantenham a situação sob permanente controle [...]. Sei que há muitas discussões a esse respeito, mas até agora sempre encontramos um consenso e voltaremos a encontrar", disse.
Segundo a imprensa local, os russos começaram a poupar no consumo de produtos básicos devido ao aumento dos preços provocado pela desvalorização da moeda nacional, o rublo.
A moeda russa, no último dia 14, ultrapassou a expectativa de preço aceita pelo consumidor, de 100 rublos por dólar, o que levou o BCR a convocar uma reunião extraordinária temendo que se repetisse a suspensão de pagamentos de 25 anos atrás.
No dia seguinte, a instituição financeira elevou as taxas de juros em 350 pontos base para 12% e não descartou medidas semelhantes nas próximas semanas.
A moeda russa se recuperou na semana passada para 93,4 rublos por dólar, mas esta semana desvalorizou ligeiramente novamente para 94,1, de acordo com a cotação oficial do banco central.
Devido à instabilidade política, ao aumento do custo das importações, à queda drástica das exportações e às sanções ocidentais durante a guerra, o rublo desvalorizou cerca de 30% até agora este ano.
Da mesma forma, o rublo tem sofrido uma desvalorização constante desde que o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, liderou no mês de junho uma fracassada rebelião armada.