Vladimir Putin discursa para 200 mil pessoas em Moscou| Foto: Reprodução da Televisão russa
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Duzentas mil pessoas estiveram no Estádio Olímpico Luzhniki, em Moscou, que já foi palco de final da Copa do Mundo, para ouvir o presidente Vladimir Putin nesta sexta-feira (18). Em um evento com música, dança e show de luzes, o líder russo fez um discurso sobre o que ele chama de “operação especial” na Ucrânia. Foi um verdadeiro espetáculo pró-Guerra, com o apoio de artistas russos, como Nikolai Rastorguev, Polina Gagarina e Dmitry Guberniev.

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O público cantava “Por um mundo sem nazismo, pela Rússia”, indicando que a justificativa da guerra na Ucrânia é lutar contra o “genocídio” no território do Donbas, região de separatistas pró-Rússia. O curioso é que parece que a história se repete. E, ironicamente, a cena desta sexta-feira remete a um episódio do Nazismo.

As Reichsparteitag, reuniões ou comícios de Nuremberg, foram encontros anuais organizados pelo partido nazista, entre 1923 e 1938, na Alemanha. Com Adolf Hitler no poder desde 1933, as reuniões se transformaram, cada vez mais, em grandes espetáculos de propaganda gerados pelos nazistas. O filme 'Triunfo da Vontade', realizado pela cineasta Leni Riefenstahl, usou os comícios de 1934 como pano de fundo das filmagens, que se tornaram célebres por estabelecer uma estética nazista.

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“Hitler convocara para Nuremberg um Reichsparteitag, dia do partido, e parece que quis com isso mostrar a seus parceiros conservadores a força e o impacto do movimento. Era a primeira manifestação em que se descartava dos congressos tradicionais do partido para anunciar já as manifestações maciças, de estilo militar, realizadas segundo regras teatrais e psicológicas. Se as cifras são exatas, mais de trinta trens especiais levaram de todos os recantos da Alemanha cerca de 200 mil partidários, cujos uniformes, bandeiras e músicas militares dominaram durante vários dias a visão da velha cidade imperial”. (Trecho do livro 'Hitler', de Joachim Fest, Editora Nova Fronteira.)

Não parece mera coincidência. Ao invés de trens, foram ônibus que levaram ao estádio a mesma quantidade de gente para a plateia de Putin. “Nos colocaram em um ônibus e nos trouxeram até aqui”, disse uma entrevistada da televisão russa no estádio, conforme publicou Max Seddon, chefe do escritório do Financial Times em Moscou, em sua conta no Twitter.

Com o estádio cheio, Putin enalteceu “o heroísmo dos soldados russos” ao som de canções populares nacionais e bandeiras nas cores branca, azul e vermelha. A propaganda de guerra dele é, inegavelmente, parecida com a de Joseph Goebbels, ministro de Hitler. O antigo evento nazista citado acima aconteceu  “com uniforme e equipamento de campanha”, “ao som de bandas militares”.

Putin justificou a invasão na Ucrânia, no dia 24 de fevereiro, como uma iniciativa que mira a “desnazificação”, a “desmilitarização” e o “fim do genocídio” na Ucrânia. Na prática, o exército russo mata centenas de civis em nome da proteção da pátria russa, enquanto o líder reforça a ideologia em um espetáculo propagandístico, como faziam os nazistas. O comício acontece dois dias depois do líder russo ameaçar a população pró-Ocidente do país, anunciando a necessidade de uma “autopurificação” da sociedade, lembrando os expurgos de Josef Stalin.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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