Os presidentes Vladimir Putin e Recep Erdogan, no encontro em Sóchi| Foto: FE/EPA/ALEKSEY NIKOLSKYI/SPUTNIK/KREMLIN
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira (4) ao seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, que não vai retomar o acordo para a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro, porque o Ocidente continua bloqueando o acesso dos produtos agrícolas e fertilizantes russos ao mercado internacional e não há escassez de alimentos.

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"Não somos contra este acordo, estamos prontos para retomá-lo imediatamente, assim que as promessas feitas à Rússia para permitir a exportação dos seus produtos forem cumpridas", disse Putin em entrevista coletiva após um encontro de três horas com Erdogan na cidade russa de Sóchi.

O chefe do Kremlin voltou a acusar o Ocidente de se recusar a acabar com as sanções à exportação de grãos, fertilizantes russos, maquinaria agrícola e peças sobressalentes, logística e transporte de mercadorias, seguros e serviços bancários.

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Erdogan apresentou novas propostas, elaboradas em conjunto com a ONU, para restabelecer a ligação da filial do banco agrícola russo ao sistema bancário Swift, que permite a troca de informações entre todas as instituições financeiras no mundo, e desbloquear os ativos congelados das empresas russas que produzem fertilizantes na Europa.

"Acreditamos que os pontos restantes devem ser resolvidos e que o acordo vai continuar. Estou otimista quanto à possibilidade de chegarmos a uma solução com os novos esforços da ONU", afirmou o presidente turco. O mandatário reiterou a Putin que "não existe uma alternativa sustentável, segura e duradoura à Iniciativa para o Mar Negro".

O chefe do Kremlin disse, no entanto, que a Ucrânia utilizou o corredor do Mar Negro "para ataques terroristas contra instalações civis e militares russas" e não para fins humanitários.

Putin voltou a afirmar que o Ocidente "enganou" a Rússia sobre os objetivos humanitários do acordo, que consistia em prestar assistência aos países em desenvolvimento, dizendo que dos 32,8 milhões de toneladas exportadas pela Ucrânia, "mais de 70% foram para os países ricos, principalmente os países da União Europeia (UE), e apenas 3% para as nações que realmente necessitam de ajuda alimentar".

Ele ainda disse que a saída da Rússia, com uma capacidade de exportação de 60 milhões de toneladas de cereais este ano, "não afetou os mercados alimentares mundiais".

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"Os preços dos grãos continuam a cair. Não há escassez física de alimentos. Há problemas com a sua distribuição justa, sim, mas isso não tem nada a ver com o chamado acordo dos grãos", afirmou.

Putin disse que isso acontece porque "a cota da Ucrânia nas exportações mundiais de grãos, que costumava ser de 5%, continua sendo a mesma e, nas condições atuais, vai diminuir".

O presidente russo reiterou que a Rússia fornecerá, "apesar de todos os obstáculos", nas próximas duas a três semanas, grãos gratuitos aos seis países mais pobres do mundo, referindo-se a Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia.

Erdogan também pretende fornecer 1 milhão de toneladas de grãos russos a um preço preferencial para serem transformados na Turquia e depois transportados gratuitamente para os países mais necessitados. Para isso, Moscou e Ancara receberão assistência financeira do Catar.

O mandatário turco afirmou ter chegado a um acordo com Putin para transformar os grãos russos em farinha e transportá-los para os países em desenvolvimento.

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"Não consideramos o trabalho conjunto com a Turquia e, possivelmente, com o Catar, uma alternativa ao acordo sobre os grãos, mas, claro, da nossa parte seria uma enorme contribuição para resolver os problemas alimentares dos países africanos", disse Putin.

Novo ataque a Odessa

Às vésperas do encontro com a Turquia, o Exército russo realizou um novo ataque a instalações portuárias na Ucrânia, no rio Danúbio, nesse domingo (3).

De acordo com informações da CNN, ao menos duas pessoas ficaram feridas na ocorrência, que provocou um incêndio no local. A Força Aérea ucraniana afirmou que 25 drones foram usados para os ataques noturnos na região de Odessa. (Com informações da Agência EFE)

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]