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O ditador da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta sexta-feira (18) que não participará da cúpula do G20, que será realizada em novembro no Brasil, devido à ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele.
“Entendemos perfeitamente que, mesmo que deixássemos de lado o TPI, todos falariam apenas sobre isso. Na verdade, impediríamos o trabalho do G20. Por quê?”, declarou Putin em reunião com os chefes das principais agências de notícias dos países dos Brics.
Putin acrescentou que mantém “relações magníficas e amistosas” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de modo que não faria sentido viajar “para afetar o trabalho normal de todo esse fórum”. “Entendemos tudo o que está acontecendo na Rússia. E eu também entendo”, afirmou.
Em março do ano passado, o TPI ordenou a prisão de Putin, pela deportação ilegal de menores ucranianos para a Rússia desde o início da invasão ao país vizinho, em fevereiro de 2022. Entretanto, Moscou não reconhece a jurisdição da corte porque retirou sua assinatura do Estatuto de Roma (que criou o TPI) em 2016.
“[O TPI] é uma daquelas organizações internacionais cuja jurisdição a Rússia não reconhece. O mesmo acontece com muitos outros países do mundo. Acho que os Estados Unidos também não a reconhecem, a China não a reconhece, a Turquia não a reconhece... Portanto, não acho que seja ruim haver uma organização internacional como essa, mas ela precisa ser universal”, disse Putin nesta sexta-feira.
Na segunda-feira (14), o procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, em entrevista à agência Reuters, havia exigido que o Brasil prendesse Putin caso ele comparecesse à cúpula no Rio de Janeiro.
Kostin lembrou que o governo brasileiro teria que cumprir a ordem do TPI por ser signatário do Estatuto de Roma.
Lula causou indignação no ano passado ao falar que tanto Ucrânia quanto Rússia são responsáveis pela guerra no primeiro país e ao dizer que Putin não seria preso se viesse ao Brasil este ano para a cúpula do G20. Depois, o petista desconversou sobre a ordem de prisão contra Putin.
Em setembro, Putin visitou a Mongólia, na sua primeira viagem a um Estado-membro do TPI desde que o tribunal emitiu o mandado de prisão contra o ditador russo no ano passado. Entretanto, o país asiático não atendeu ao apelo da Ucrânia para que Putin fosse preso.