Após seu segundo encontro este ano com o ditador da China, Xi Jinping, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira (18) em Pequim que as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio “fortalecem a interação russo-chinesa”.
Xi e Putin, que já haviam se encontrado em Moscou em março, se reuniram à parte de um fórum sobre a Nova Rota da Seda, o projeto chinês de investimentos em infraestrutura em outros países.
Após o encontro, que durou cerca de três horas, Putin disse a jornalistas que não podia “contar tudo” o que foi debatido, mas apontou que na conversa foi abordada “toda a agenda bilateral, muitas questões aí: a economia, as finanças, a interação política e o trabalho conjunto em plataformas internacionais”.
O presidente russo disse que “a situação no Oriente Médio” e “na rota ucraniana” também foi discutida. “Todos estes fatores externos são ameaças comuns. Fortalecem a interação russo-chinesa”, afirmou Putin, em declarações reproduzidas pela agência Tass.
Putin também disse que o ataque a um hospital em Gaza, que gerou uma troca de acusações entre Israel e os palestinos, é um “sinal” para que o conflito na região seja encerrado.
“É um ato terrível, uma catástrofe. Há centenas de mortos e feridos. Confio que será um sinal de que é preciso acabar com o conflito o mais rápido possível”, disse o chefe do Kremlin.
No seu estilo peculiar, sem aspas, a agência estatal chinesa Xinhua informou que Putin e Xi discutiram o apoio russo à Nova Rota da Seda e a expansão dos Brics capitaneada por Pequim e trocaram “pontos de vista aprofundados sobre a situação Palestina-Israel”.
Tanto Rússia quanto China têm pedido um cessar-fogo na região, mas não condenaram o grupo terrorista Hamas pelos ataques do último dia 7 que mataram 1,4 mil israelenses.
Numa conversa no fim de semana com o seu homólogo da Arábia Saudita, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, criticou Israel, ao dizer que as ações de resposta de Tel Aviv na Faixa de Gaza “foram além da autodefesa”.
Do lado russo, o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, tem insistido na solução de dois Estados para a região. Moscou apresentou uma proposta de resolução sobre o conflito Israel-Hamas no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que foi rejeitada pelo colegiado na segunda-feira (16).
A resolução pedia um cessar-fogo humanitário, a libertação dos reféns, ajuda humanitária e a evacuação de civis, mas não mencionava o Hamas.
Quanto à guerra da Ucrânia, Pequim não apoia Moscou militarmente no conflito, mas se recusou a condenar o Kremlin pela invasão e ajudou a Rússia a contornar as sanções do Ocidente e aliados, ao aumentar suas importações de energia do país vizinho.