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O presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta terça-feira ter o "direito moral" de permanecer no poder, exercendo influência tanto sobre o Parlamento como sobre o governo depois de deixar o Kremlin em 2008, se ele obtiver sucesso nas legislativas de 2 de dezembro.

Com isso, Putin poderia, então, alcançar o poder como líder da maioria parlamentar, afirmou o alto funcionário russo Alexandre Chokhin, numa entrevista.

"Se as pessoas votarem no (partido) Rússia Unida, do qual sou dirigente, isso significa que eles confiam em mim. Isso quer dizer que eu teria o direito moral de pedir a todos os que trabalharão no Parlamento e no governo para cumprirem todas as decisões tomadas hoje", disse Putin, enquanto seguia para Krasnoiarsk, na Sibéria.

"Como isso aconteceria? Eu me abstenho de responder por enquanto, mas existem algumas possibilidades", acrescentou ele, condicionando sua resposta ao resultado de seu partido nas legislativas.

As pesquisas atribuem ao Rússia Unida, o "partido do poder", pelo menos 50% dos votos, o que confere legitimidade ao líder da maioria parlamentar diante do futuro presidente.

Vladimir Putin, que não pode concorrer às eleições presidenciais em março de 2008 após dois mandatos consecutivos, declarou inúmeras vezes que deixará seu posto no Kremlin, mas continuará exercendo influência política, sem dizer exatamente como.

No início de outubro, chegou a sugerir que poderia se tornar primeiro-ministro. Depois, embaralhou as cartas do jogo ao afirmar que ainda não tinha tomado nenhuma decisão sobre o lugar que ocuparia no poder.

"Eu decidi dirigir a legenda do Rússia Unida para convencer as pessoas a votarem neste partido e contribuir para a formação de uma maioria parlamentar", justificou.

Para Alexandre Chokhin, Putin pode continuar com as chaves do poder, apresentando-se como líder da maioria parlamentar. Como chefe da maioria, Putin seria encarregado de "designar o candidato" do Rússia Unida nas presidenciais, sugeriu Chokhin.

Este candidato, com a garantia de ser eleito por um sistema fechado pela equipe no poder, seria, então, devedor deste favor. Vladimir Putin ainda escolheria um braço direito, como já prometeu.

Como "chefe do partido da maioria", Vladimir Putin disporá de mecanismos para "fazer valer sua opinião" junto ao "grupo parlamentar, ao governo e ao presidente", completou Chokhin.

Segundo ele, Putin poderia também se apresentar nas presidenciais de 2008 sem modificar a Constituição. Isso poderia acontecer caso, uma vez eleito no Parlamento, ele "renunciasse a seu mandato de presidente, incompatível com o de deputado".

No momento de declarações de candidaturas para a disputa presidencial, "ele não será mais do que um simples deputado", lembrou Chokhin, o que retiraria o obstáculo constitucional proibindo um terceiro mandato consecutivo.

Neste contexto, as manifestações que pedem a Vladimir Putin para que "continue a ser o líder nacional" da Rússia, com ou sem terceiro mandato, multiplicam-se pela Rússia.

Um deles, o movimento "Atrás de Putin", apoiado às escondidas pelo Rússia Unida, pede uma nova configuração do poder com Vladimir Putin como "líder nacional", que deve mesmo ser constituída até as legislativas, aposta o jornal "Kommersant".

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