O presidente russo, Vladimir Putin, fez um discurso a parlamentares, funcionários do governo e autoridades religiosas nesta sexta-feira (30). Com a presença de representantes dos quatro territórios ucranianos nos quais fez referendos até a última terça-feira (27) - Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Luhansk -, o líder russo anunciou a anexação à Federação Russa.
"As pessoas fizeram suas escolhas. Uma escolha sem erros. Serão nossos cidadãos para sempre", disse Putin. "Formaremos quatro novas regiões da Federação Russa porque é a vontade de milhões de pessoas", assegurou, reforçando aos convidados que o resultado dos referendos "não será discutido".
O mandatário russo também fez uma referência à dissolução da URSS em 1991, dizendo que a cultura soviética foi transmitida a esses povos através dos ancestrais. "Destruíram nosso país. Foi uma catástrofe nacional", opinou. "Temos que virar a página vergonhosa da hegemonia ocidental", destacou o chefe do Kremlin.
Vladimir Putin reforçou que o grande inimigo da Rússia é o Ocidente e o que ele chamou de "ditadura dos dólares". "O Ocidente pensou que a Rússia não se levantaria nunca mais. Isso pode ter acontecido nos anos 1990, mas nós retomamos nosso lugar e o Ocidente continua tentando nos destruir", discursou o presidente.
O líder russo ainda falou em "russofobia", apontando que ocidentais espalham "racismo" contra o povo de seu país. "O Ocidente não tem direito a falar em democracia e em direito de povos", opinou Putin, classificando o "inimigo" como "totalitário".
O chefe do Kremlin também falou em "satanismo" americano e desvalorização de valores familiares, devido aos conceitos progressistas em crescimento nos Estados Unidos, relacionados principalmente à ideologia de gênero. "Para nós é inaceitável. Nós queremos um outro futuro", disse Putin.
O presidente também comentou sobre os vazamentos dos gasodutos NordStream 1 e 2, culpando os americanos. "A ditadura dos Estados Unidos usa a força bruta. É a lei do mais forte", concluiu.
Ele também apontou o dedo para a Europa, dizendo que 95% do trigo ucraniano fica no continente e apenas 5% vai para os países de terceiro mundo durante a crise alimentar.
Depois do discurso de cerca de uma hora, o chefe do Kremlin assinou os documentos de anexação dos quatro territórios à Federação Russa.