Ditador russo Vladimir Putin| Foto: EFE/EPA/MIKHAIL METZEL/SPUTNIK/KREMLIN
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Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Justiça da Rússia, subserviente ao ditador Vladimir Putin, vem promovendo uma série de desapropriações de empresas do país.

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Segundo recente reportagem do portal de notícias do grupo de mídia russo RBC, ao menos 55 empreendimentos foram alvos de “nacionalização” forçada desde que o conflito começou.

Grande parte desse movimento tem foco na região de Tcheliabinsk, no sul da Rússia, conhecida como um importante centro industrial.

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Um exemplo foi a desapropriação, em fevereiro, da Usina Eletrometalúrgica de Tcheliabinsk, responsável por 80% da produção de ferroligas da Rússia. O Ministério Público reivindicou a “nacionalização” da empresa sob os argumentos de que sua privatização, nos anos 1990, teria sido ilegal e de que a empresa exportaria produtos para “estados hostis”.

A princípio, as desapropriações se concentraram sobre a indústria de defesa russa e suas fornecedoras (como no recente caso da Eletrometalúrgica de Tcheliabinsk), com o objetivo de aumentar o controle do Estado sobre a produção de armamentos, mas logo elas se voltaram também para empreendimentos sem relação direta com o esforço de guerra na Ucrânia.

O jornal The Moscow Times destacou que empresas do agronegócio, uma grande concessionária de automóveis, o maior grupo produtor de vinhos do país (Ariant) e até a fabricante de macarrão mais famosa da Rússia, a Makfa, também foram desapropriados.

No caso da Mafka, o Tribunal Distrital Central de Tcheliabinsk concordou com a alegação da promotoria de que os proprietários da empresa teriam violado leis anticorrupção ao administrarem o empreendimento enquanto ocupavam cargos públicos.

Além dos argumentos citados nos casos da Eletrometalúrgica de Tcheliabinsk e da Mafka, outra alegação comum para desapropriar empresas na Rússia tem sido a “acusação” de estarem “sob controle estrangeiro”.

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Entretanto, na terra de Putin, nada é o que parece. Novamente, o caso da Eletrometalúrgica de Tcheliabinsk é um exemplo: a RBC relatou que a usina deve ser transferida para a Rostec, conglomerado de defesa estatal controlado por Serguei Chemezov, próximo do ditador da Rússia.

Em entrevista ao The Moscow Times, Nicholas Trickett, analista sênior da agência de classificação de risco S&P, disse que as desapropriações teriam o objetivo de “criar um novo grupo de interesse” de “vencedores” dentro da elite russa “que estão totalmente voltados para a continuidade” da guerra na Ucrânia. Ou seja: premiar quem apoia a agressão de Putin ao país vizinho.

“Enquanto antes o Estado [russo] visava os bolsos de investidores estrangeiros, agora é temporada de caça no mercado interno”, justificou.

No final de março, o procurador-geral da Rússia, Igor Krasnov, disse que já haviam sido “nacionalizados” 1 trilhão de rublos (cerca de R$ 56 bilhões) em ativos “estratégicos”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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