A Comissão Eleitoral Central russa anunciou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (20) que a Rússia Unida, partido do presidente Vladimir Putin, foi a vencedora nas eleições da Duma, a câmara baixa do parlamento do país.
O pleito, realizado entre sexta-feira (17) e domingo (19) e marcado por repressão a opositores, à mídia independente e a organizações não governamentais, apontou cerca de 50% dos votos para a sigla do atual presidente, o que, segundo o secretário-geral da Rússia Unida, Andrei Turchak, deve representar 315 dos 450 assentos para o partido governista, menos do que os 334 da eleição anterior. Ainda assim, Putin poderá passar projetos na casa sem a necessidade de fazer acordos com a oposição e tem apoio garantido para sua reeleição, em 2024.
O Partido Comunista, segunda sigla com mais votos (19%), denunciou fraudes durante os três dias de votação e anunciou nesta segunda-feira que não reconhece os resultados do voto eletrônico em Moscou, o que representa a participação de quase 2 milhões de eleitores, de acordo com informações da agência EFE.
O grupo independente de monitoramento de eleições Golos apontou, entre outros problemas, que durante os três dias de votação recebeu 882 denúncias de obstrução do trabalho de observadores, membros de comissões e jornalistas, incluindo uso de violência e ameaças, e muitas falhas no sistema de votação online, como casos de eleitores que tiveram recusada a possibilidade de votar a distância, mas também não conseguiram votar presencialmente, e o relato de uma russa que mora em Israel que conseguiu votar duas vezes.
Fora da Rússia, o processo eleitoral também foi criticado. Em nota, o Departamento de Estado americano apontou que o pleito ocorreu “em condições que não favoreciam um processo livre e justo”. “O uso de leis pelo governo russo sobre ‘organizações extremistas’, ‘agentes estrangeiros’ e ‘organizações indesejáveis’ restringiu severamente o pluralismo político e impediu o povo russo de exercer seus direitos civis e políticos”, criticou o órgão.
“As restrições do governo russo, que foram precedidas por esforços generalizados para marginalizar figuras políticas independentes, também impediram o Escritório para Instituições Democráticas e Direitos Humanos da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e sua assembleia parlamentar de observar as eleições, restringindo a transparência, que é essencial para eleições justas”, acrescentou o Departamento de Estado.
A exemplo dos Estados Unidos, a União Europeia, em nota, não reconheceu os votos da Crimeia, ocupada pela Rússia desde 2014, e criticou também a repressão durante o processo eleitoral que levou à “limitação da escolha dos eleitores russos e de sua capacidade de obter informações completas e precisas sobre os candidatos”.
“A União Europeia reitera a sua profunda preocupação com o padrão contínuo de redução do espaço para a oposição, a sociedade civil e as vozes independentes em toda a Rússia. A União Europeia apela à liderança da Rússia para inverter esta evolução negativa”, destacou. “A Federação Russa deve respeitar os compromissos que assumiu no âmbito da ONU, da OSCE e do Conselho da Europa em termos de proteção dos direitos humanos e dos valores democráticos.”
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares