EUA não têm evidências da retirada das tropas russas
EFE
O Pentágono não detectou movimentos das tropas da Rússia na fronteira com a Ucrânia que correspondam à prometida retirada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, para que as eleições nesse país transcorram com normalidade.
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O presidente russo, Vladimir Putin, pediu nesta quarta-feira (7) aos separatistas pró-Moscou da Ucrânia que adiem uma votação sobre o desmembramento do país, a apenas cinco dias de sua realização, potencialmente recuando de uma iminente fragmentação da Ucrânia.
O ato foi o primeiro sinal dado pelo líder do Kremlin de que não endossaria o referendo planejado para domingo por rebeldes pró-Rússia em busca da independência de duas províncias que somam 6,5 milhões de habitantes e cerca de um terço da produção industrial ucraniana.
No que parece ser um avanço na pior crise entre potências orientais e ocidentais desde a guerra fria, Putin também anunciou estar recuando as tropas russas estacionadas perto da fronteira com a Ucrânia.
No entanto, um alto funcionário da Otan disse que a aliança não identificou nenhum sinal de uma retirada russa da fronteira, para onde Moscou enviou dezenas de milhares de soldados, proclamando o direito de invadir a Ucrânia para proteger a população de pró-Rússia.
"Nós pedimos aos representantes do sudeste ucraniano, os apoiadores da federalização do país, que adiem o referendo marcado para 11 de maio", disse Putin.
Ele disse que criaria condições para um diálogo entre as autoridades ucranianas em Kiev e os separatistas.
"Sempre nos dizem que nossas forças na fronteira ucraniana são uma preocupação. Nós as retiramos. Hoje elas não se encontram na fronteira ucraniana, estão em locais onde conduzem suas atividades regulares em campos de treinamento", disse Putin.
"Não temos nenhum indicação de mudança de posição das forças militares ao longo da fronteira da Ucrânia", disse a autoridade da Otan à Reuters em Bruxelas.
Putin fez as declarações em Moscou após se reunir com o diretor da Organização para Segurança e Cooperação na Europa, que disse que a entidade, voltada para a segurança e direitos humanos, vai propor em breve um planejamento para resolver a crise ucraniana.
Assembleia popular
Um líder separatista pró-Rússia disse que os dissidentes levariam o pedido de Putin sobre o adiamento do referendo a uma reunião na quinta-feira de sua autoproclamada Assembleia Popular.
"Temos o maior respeito pelo presidente Putin. Se ele considera isso necessário, nós claro que vamos debater (o pedido)", disse Denis Pushilin à Reuters em Donetsk, cidade de 1 milhão de habitantes que os rebeldes proclamaram capital da chamada "República Popular de Donetsk" independente.
Moradores em áreas controladas por rebeldes pró-Moscou ficaram surpresos com as declarações de Putin no momento em que a região parecia correr em direção a uma inevitável independência e depois de uma semana sangrenta ter esquentado ao máximo os ânimos contra o governo central, de Kiev.
"Talvez Putin não entenda a situação? Não há chances desse referendo não acontecer", disse Natalia Smoller, uma pensionista que tem fornecido alimentos aos rebeldes instalados em um bloqueio de estrada em Slaviansk, cidade que se transformou em um refúgio fortificado e na qual os rebeldes resistiram a uma investida do governo esta semana.
"Agora não tem mais retorno. Não vamos recuar. Ou isso termina com nossa vitória ou - não aguento nem pensar."
Mas especialistas preveem que os separatistas vão atender ao pedido de Putin de não agir por enquanto.
"Entre aqueles que lutam contra as tropas ucranianas, uma certa lógica de prevalecer, pela qual eles entendem que sem um apoio da Rússia, e do Exército russo, eles estão vulneráveis a pesados ataques militares", disse Yevgeny Minchenko, um analista político próximo do Kremlin.
Kiev e seus aliados do Ocidente têm se empenhado em tentar impedir o referendo, após o qual temem ser repetido em grande escala o destino tomado da Crimeia, anexada pela Rússia em março. O secretário de Estado dos EUA classificou o referendo como "forçado e falso".
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