O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu ontem que o governo da Ucrânia negocie sobre o modelo de Estado do país, como uma solução para o conflito entre as tropas de Kiev e os separatistas do leste do país. A maior autonomia para as regiões é vista pela Rússia como uma forma de garantir os direitos da maioria russa na região, mas foi recusada diversas vezes pelas autoridades ucranianas.
Em discurso na televisãoestatal Canal 1, Putin defendeu o início de negociações substanciais sobre o assunto para garantir liberdade para que as regiões possam gerenciar seus orçamentos e manter sua cultura. "Se alguém pensa que os rebeldes não vão reagir e só vão esperar as prometidas negociações enquanto se dispara contra cidades e povos do sudeste da Ucrânia, é refém de algum tipo de ilusão", disse o líder russo.
Prejuízo
Para ele, o debate sobre a mudança é prejudicado pela campanha eleitoral. "Os candidatos querem mostrar que são durões. Nessas circunstâncias, é difícil esperar que alguém se pronuncie pela paz e não por uma solução militar ao problema". A frase de Vladimir Putin, porém, não deve reverberar na Ucrânia. Em diversas ocasiões, o presidente Petro Poroshenko defendeu a manutenção do atual padrão territorial, em que o governo central nomeia os governadores das regiões.
Petro Poroshenko ainda negou a inclusão do russo entre as línguas oficiais do país, assim como a permissão para que as escolas públicas ensinem o idioma. Por outro lado, prometeu garantir a preservação da cultura no leste do país.
Conflito
Segundo a ONU, o conflito entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-Russia deixou 2.593 mortos desde abril, quando começou o levante nas regiões de Donetsk e Lugansk, principal área dos aliados do presidente deposto Viktor Yanukovich.
Desde então, a Ucrânia acusa a Rússia de interferir no conflito com o envio de tropas e recursos para os insurgentes. Aliados de Kiev, Estados Unidos e União Europeia lançaram uma série de sanções contra Moscou para impedir a ação russa. Na semana passada, a Otan afirmou que dezenas de tanques e cerca de mil soldados russos estão ajudando os separatistas a tomar Novoazovsk, na região de Donetsk.
A Rússia nega qualquer interferência econômica e militar no conflito. No sábado, a União Europeia exigiu que os russos retirassem os soldados, sob a ameaça de aplicar mais sanções à economia russa. O governo americano também planeja novas punições. Durante a madrugada de domingo, Rússia e Ucrânia trocaram combatentes presos devido ao conflito. Enquanto Kiev liberou dez soldados russos acusados de cruzar a fronteira ilegalmente, Moscou entregou ao vizinho 63 militares ucranianos.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura