O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira (21) que o plano de paz para a Ucrânia apresentado pela China pode servir de base para uma futura solução do conflito.
“Muitos dos pontos incluídos no plano de paz da China estão alinhados com as posições russas e podem servir como base para um acordo pacífico”, declarou Putin ao lado do ditador chinês, Xi Jinping, após assinarem vários documentos no Grande Palácio do Kremlin.
“Quando o Ocidente e Kiev estiverem prontos [o acordo será discutido]. Até porque, por enquanto, não vemos tal disposição da parte deles”, acrescentou.
“Rússia e China podem encontrar uma solução até para os problemas mais complicados”, completou o líder russo.
Por sua vez, Xi garantiu que a China está comprometida “com a paz e o diálogo” e “apoia ativamente a reconciliação e o restabelecimento das negociações” entre Rússia e Ucrânia, inexistentes desde a última tentativa na primavera de 2022 por parte do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
“Gostaria de salientar que, na busca pela solução do conflito ucraniano, invariavelmente contamos com os estatutos da ONU e nos atemos a uma posição objetiva e imparcial”, destacou.
No seu plano de paz, a China defende, por um lado, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, a cessação das hostilidades e o reatamento das negociações de paz e, por outro, que sejam levadas em conta as preocupações de segurança da Rússia face ao avanço da OTAN.
Além disso, pede o levantamento das sanções adotadas pelo Ocidente contra a Rússia devido à chamada “operação militar especial”.
O Kremlin observou nesta terça-feira que Putin e Xi ouviram os argumentos um do outro durante suas conversas informais sobre a Ucrânia na segunda-feira.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China, Xi disse ao presidente russo que “a maioria dos países apoia o alívio das tensões”.
Sobre a iniciativa chinesa, Kiev alertou que, antes de implementá-la, a Rússia deve retirar suas tropas do território ucraniano, se referindo ao fato de o plano de Pequim não fazer alusão à anexação ilegal de quatro regiões ucranianas por Moscou.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, está na expectativa para conversar com Xi por videoconferência assim que terminar sua viagem a Moscou.
Tanto Kiev quanto a OTAN instaram o líder chinês nos últimos dias a usar sua influência sobre o Kremlin para interromper as hostilidades na Ucrânia.
Por sua vez, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que a visita de Xi à Rússia é um claro sinal de que “a China não sente a responsabilidade de responsabilizar o Kremlin pelas atrocidades cometidas na Ucrânia”.
“Ao invés de condená-las, prefere fornecer cobertura diplomática para a Rússia continuar a cometer crimes graves”, disse Blinken.
Nesta terça-feira, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, fez uma visita à Ucrânia e a Rússia respondeu enviando dois bombardeiros com capacidade para transportar armas nucleares para sobrevoar o Mar do Japão.