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Guerra fria

Putin prevê nova “crise dos mísseis”

Mafra, Portugal – O presidente russo, Vladimir Putin, alertou ontem que o plano dos Estados Unidos para instalar um escudo antimíssil na Polônia e na República Tcheca criaria uma situação semelhante à crise dos mísseis de Cuba, em 1962. "Gostaria de lembrar como a situação evoluiu de maneira análoga em meados dos anos 1960", disse Putin após um encontro com líderes da União Européia em Portugal.

Putin lembrou que, na época, o então presidente soviético Nikita Kruchev decidiu retirar os mísseis de Cuba e usou o fato histórico para criticar a intenção da Casa Branca instalar, de maneira semelhante, bases perto de suas fronteiras.

Não é a primeira vez que a crise dos mísseis cubanos é usada como analogia histórica. Freqüentemente, analistas e políticos republicanos citam o episódio para denunciar a aproximação da Venezuela com Cuba e Irã e para criticar a compra de armamentos russos pelo presidente Hugo Chávez.

A polêmica envolvendo o escudo antimíssil tomou forma em janeiro quando Washington anunciou as negociações para a instalação de dez interceptadores de mísseis na Polônia e um sistema de radar na República Tcheca. Os russos se irritaram.

Os EUA dizem que os mísseis serviriam para impedir um ataque nuclear de países como Irã e Coréia do Norte. A Rússia reclama que os EUA estão colocando armas perto demais de suas fronteiras e consolidando sua presença no que sempre foi sua esfera de influência.

No entanto, o presidente russo afirmou ontem que não acredita que uma crise naquelas proporções seja possível hoje, já que se considera "amigo" dos EUA e do presidente americano, George W. Bush. Putin disse estar convencido de que a oposição do Kremlin fez com que o governo americano começasse a rever seus planos sobre o escudo antimísseis.

Em Washington, o governo americano rejeitou a comparação entre o escudo antimíssil e a crise dos mísseis de 1962. "Existem algumas diferenças históricas entre nossos planos de instalar um sistema de defesa antimíssil criado para impedir um ataque nuclear de países como o Irã e os mísseis de ataque que estavam sendo instalados em Cuba", disse Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado.

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