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Nesta quinta-feira (19)

Putin propõe “duelo” com o Ocidente e se gaba de guerra na Ucrânia durante coletiva anual

Vladimir Putin durante sua coletiva de imprensa anual, nesta quinta-feira (19) (Foto: EFE/EPA/YURI KOCHETKOV)

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O ditador russo, Vladimir Putin, realizou sua entrevista coletiva anual nesta quinta-feira (19), ocasião na qual se gabou de supostos avanços na Ucrânia, desafiou o Ocidente com seu aparato militar, mencionou a queda do regime ditatorial de Bashar al-Assad na Síria e fez outras considerações.

Durante o pronunciamento anual, o líder do Kremlin propôs aos EUA um "duelo tecnológico" entre o novo armamento hipersônico da Rússia e os sistemas de defesa antimísseis ocidentais.

Para o "experimento", Putin sugeriu que o cenário fosse a capital da Ucrânia, Kiev. "Não há como interceptar o míssil Orechnik. Nós queremos conduzir esse experimento. Atingir, digamos, Kiev, com todos os sistemas antiaéreos ocidentais em alerta. Vamos conduzir esse duelo tecnológico, vai ser útil para nós e para os americanos", afirmou.

Na declaração, durante o evento explicitamente coreografado com duração de mais de quatro horas, Putin classificou o "desafio tecnológico" como o "duelo de alta tecnologia do século 21" entre a Rússia e o Ocidente.

Moscou utilizou o novo míssil Oreshnik pela primeira vez contra a cidade ucraniana de Dnipro, no mês passado. Putin observou que o alcance máximo do Oreshnik é de 5.500 quilômetros. "Em poucos segundos, as ogivas começam a se separar. E é isso, eles perderam o trem. Portanto, eles não têm chance de abater esses mísseis", disse

A declaração surge um mês antes da posse de Donald Trump, reeleito em novembro para retornar à Casa Branca. O republicano já expressou sua intenção de "encerrar" o conflito com a Ucrânia.

O ditador russo afirmou que está pronto para se reunir "a qualquer momento" o presidente eleito dos EUA. "Não nos falamos há quatro anos. Estou pronto para fazer isso (conversar) a qualquer momento e para nos encontrarmos também", disse o líder russo.

Putin diz não saber quanto durará guerra na Ucrânia

Putin comentou ainda nesta quinta-feira que não sabe quanto tempo mais durará a invasão militar da Rússia na Ucrânia, mas ressaltou que Moscou está cada vez mais perto de atingir seus objetivos no campo de batalha.

Durante sua entrevista coletiva anual, o ditador afirmou que a situação na linha de frente está mudando "radicalmente" e que as tropas russas estão conquistando "quilômetros quadrados" diariamente, mas não se atreveu a prever quanto tempo durará a guerra no país vizinho, que começou em fevereiro de 2022.

"A luta é complicada, portanto, prever o futuro é difícil e sem sentido", analisou o chefe do Kremlin, que usou os primeiros minutos de seu discurso para mostrar ao público uma faixa dada a ele por uma das brigadas aéreas que lutam na Ucrânia.

O líder russo insistiu que "há movimento" em toda a linha de frente e todos os dias, fazendo alusão à conquista de dezenas de localidades nos últimos meses no Donbas.

Questionado sobre as tropas ucranianas que ocupam parte da região russa de Kursk desde agosto, ele prometeu que o inimigo será "sem dúvidas" expulso.

"Não há dúvidas sobre isso. Não posso e não vou dar uma data específica em que eles serão eliminados. Os caras estão lutando, há combates acontecendo neste momento", afirmou.

Ditador comenta ataque que matou general russo em Moscou

O ditador Putin classificou o assassinato em Moscou, nesta semana, do tenente-general Igor Kirillov, chefe da defesa radiológica, química e biológica da Rússia, como uma "falha grave" dos serviços de segurança.

"Isso (o assassinato de Kirillov), é claro, significa que nossos serviços especiais e de aplicação da lei deixaram passar tais ataques. Precisamos melhorar o trabalho e evitar falhas tão graves", disse.

Putin nega que queda de Assad represente derrota da Rússia na Síria

Putin ainda se manifestou sobre a recente derrubada do ditador sírio Bashar al-Assad, negando que tenha sido uma derrota estratégica para a Rússia no país árabe.

"Garanto que esse não é o caso. A Rússia, de modo geral, alcançou seus objetivos na Síria", disse Putin durante sua entrevista coletiva anual, acrescentando que ainda não se reuniu com Assad, que recebeu asilo na Rússia em 8 de dezembro, mas que pretende encontrá-lo.

A Rússia é considerada, juntamente com o Irã, a principal perdedora na queda do regime de Assad, cujo Exército foi derrotado pelos rebeldes islâmicos em menos de duas semanas.

Putin, que decidiu ajudar o ditador sírio militarmente em setembro de 2015, enfatizou que o Exército russo foi implantado na Síria "há dez anos para que um enclave terrorista não fosse criado lá".

Ao mesmo tempo, admitiu que a situação está mudando aos trancos e barrancos na Síria e que até mesmo os grupos que lutam contra Damasco desde 2011 também "passaram por mudanças internas".

"Não é à toa que muitos países europeus e os EUA querem estabelecer relações com eles. Se eles são organizações terroristas, por que estão indo para lá? Isso significa que eles mudaram", comentou.

Chefe do Kremlin defende restrições a plataformas digitais na Rússia

Vladimir Putin ainda defendeu nesta quinta-feira restrições impostas pelo órgão regulador de comunicações Roscomnadzor a YouTube e Google, insistindo para que as plataformas respeitem as leis da Rússia.

"YouTube e Google devem respeitar nossas leis, devem se distanciar dos golpes na rede e, em particular, não devem tirar proveito e abusar da rede para cumprir os objetivos de seus governos", disse o ditador na entrevista coletiva anual.

O líder russo observou que as pessoas recorrem aos mecanismos de busca para encontrar informações sobre música e cultura, mas, em vez disso, "aparece conteúdo que não tem nada a ver com cultura ou música e é propaganda para determinadas plataformas políticas".

Putin também acusou as plataformas ocidentais de "praticamente remover os nomes de nossos artistas, blogueiros e políticos".

"Tudo isso é uma violação das leis da Rússia. Portanto, eles têm que escolher: ou respeitam nossas leis e podem estar sujeitos a certas limitações em seus países, ou trabalham apenas lá. Mas se eles quiserem trabalhar aqui, devem fazê-lo de acordo com as leis russas", argumentou.

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