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Putin reduz preço do gás e investe US$ 15 bi na Ucrânia

Manifestantes realizam protesto contra Yanukovich na Praça da Independência, em Kiev | Gleb Garanich/Reuters
Manifestantes realizam protesto contra Yanukovich na Praça da Independência, em Kiev (Foto: Gleb Garanich/Reuters)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou ontem a redução do preço do gás vendido para a Ucrânia e um investimento de US$ 15 bilhões (R$ 34,5 bilhões) em títulos da dívida pública do país após um acordo com o mandatário ucraniano, Viktor Yanukovich.

A reunião acontece em meio a protestos da oposição contra o governo, que defendem a entrada do país na União Europeia e a diminuição da dependência da Rússia. Nas últimas três semanas, centenas de milhares de pessoas ocuparam as ruas de Kiev nas manifestações.

Putin afirmou que não houve pedido de condições aos ucranianos, em uma crítica ao Fundo Monetário Internacional (FMI). "Isso não está ligado a nenhuma pré-condição, nem a um aumento, nem a uma diminuição, nem ao congelamento de benefícios sociais, de aposentadorias, bolsas de estudo e despesas".

O russo ainda informou que Moscou aceitou reduzir o preço do gás natural, passando de US$ 400 (R$ 920) para US$ 268,50 (R$ 617,55) por mil metros cúbicos. O acordo para o fornecimento do combustível é um dos principais motivos para a dependência de Kiev, que tem uma dívida de cerca de US$ 17 bilhões com Moscou.

Os dois países também assinaram uma série de tratados para aumentar a cooperação comercial e industrial. No início do encontro, Yanukovich disse que Ucrânia e Rússia deveriam manter uma "associação estratégica, e que o encontro de hoje [ontem] é, em certa medida, estratégico".

Para líder opositor, Yanukovich traiu os interesses ucranianos

O anúncio da série de tratados provocou a irritação dos opositores, que recusam o aumento da dependência em relação a Moscou. Um dos principais líderes da oposição, o campeão de boxe Vitaly Klitschko, disse que o presidente Viktor Yanukovich traiu o interesse e a independência da Ucrânia.

"Ele abriu mão do interesse nacional da Ucrânia, de nossa independência e das perspectivas de uma vida melhor para todos os ucranianos. Espero encontrá-lo no ringue", disse, em referência às próximas eleições presidenciais. A súbita decisão do presidente ucraniano de rejeitar o Acordo de Associação com a União Europeia (UE) desencadeou as maiores manifestações contra o governo desde a Revolução Laranja de 2004, que marcou o início de uma aproximação da Ucrânia com o Ocidente. Mas ela também deixou em evidência a profunda divisão entre o setor nacionalista de língua ucraniana, forte no oeste do país, e o leste russófilo alinhado com Moscou. Os acontecimentos sugerem que Yanukovich está cedendo às pressões e buscando uma forma de escapar da crise política mais grave de seu mandato.

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