A Rússia rejeitou um cessar-fogo na Síria depois que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, alertou para uma "catástrofe" iminente, enquanto as forças do regime de Damasco se preparam para a última grande batalha da guerra civil que já dura sete anos.
Em uma cúpula entre Turquia, Irã e Rússia, realizada nesta sexta-feira (7), Erdogan pediu aos outros líderes que apoiem seu pedido por uma trégua imediata na província de Idlib, no noroeste do país. O presidente russo, Vladimir Putin, recusou o pedido, dizendo que os três países não podem responder pelo governo sírio ou pelos rebeldes.
"Qualquer ataque, qualquer que seja a razão, levará inevitavelmente a uma catástrofe, a mortes e a uma grande tragédia humana", disse Erdogan. "Nós não queremos ver Idlib se transformar em um lago de sangue. Temos que encontrar uma saída racional em Idlib que possa atender às nossas preocupações de segurança". Ele alertou que milhões de refugiados chegariam à Turquia se um grande ataque ocorresse.
A cúpula ocorreu em um momento crítico do conflito na Síria. A intervenção militar da Rússia há três anos virou a maré em favor do presidente Bashar Al-assad no momento em que ele detinha menos de um quarto do território de seu país. Agora, os principais aliados, Moscou e Teerã, buscam consolidar os ganhos no país à medida que a batalha em Idlib se aproxima.
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EUA
A conversa entre os três líderes, que, excepcionalmente, foi transmitida ao vivo pela televisão, parecia tensas às vezes. Uma declaração conjunta com 12 pontos afirma que eles concordaram em cooperar na eliminação do Estado Islâmico e grupos ligados à Al Qaeda e instaram as Nações Unidas a aumentar a ajuda humanitária à Síria.
O presidente dos EUA, Donald Trump, alertou Assad nesta semana contra o cometimento de um "massacre" na província síria. Aviões de guerra russos e tropas sírias já estão bombardeando Idlib.
Aumentando o risco de eventual confronto com a Rússia, os EUA, que ameaçaram represálias se o regime de Assad usar armas químicas, agora responderão a qualquer ataque contra Idlib, segundo afirmou um funcionário do Departamento de Estado americano na Síria em comentários publicados pelo Washington Post.
As mais de 2.000 tropas norte-americanas no nordeste da Síria, que têm combatido o Estado Islâmico com a ajuda de milícias curdas, ficarão no país para garantir a saída das forças iranianas, afirmou o oficial James Jeffrey.
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Crise humanitária
Quase 3 milhões de civis vivem em Idlib e as perspectivas de uma catástrofe humanitária são altas caso o governo não permita uma rota de fuga. A ONU estima que haja 10.000 combatentes na região com ligações à Al Qaeda.
Estima-se que meio milhão de pessoas tenham morrido no conflito sírio desde março de 2011 e 12 milhões tenham fugido de suas casas para buscar refúgio dentro do país ou no exterior.
Segundo um plano proposto por Ancara, militantes estrangeiros seriam desarmados e mandados de volta para seus países de origem, informou o jornal pró-governo Sabah, na sexta-feira. O plano visa evitar um grande ataque aos militantes em troca de lhes dar a chance de deixar a área se entregarem suas armas ao Exército Livre da Síria, o principal grupo rebelde não-islâmico. Se os militantes recusarem, eles podem sofrer ataques pontuais, conforme prevê o plano.
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Putin acusou os combatentes de usar civis como escudo. "Esperamos que os representantes dessas organizações terroristas tenham senso comum suficiente para entregar suas armas", disse ele a repórteres após as negociações.
O presidente iraniano, Hassan Rouhani, insistiu durante a reunião que não pode haver compromisso. "É necessário que a luta continue até que todos os grupos terroristas na Síria, especialmente em Idlib, sejam erradicados", afirmou.
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