Alvo de muitos protestos na Rússia, a reforma da previdência proposta pelo governo de Vladimir Putin passará por mudança que deverá suavizar seus impactos e, talvez, torná-la mais palatável à população. O presidente anunciou nesta quarta-feira (29) que a idade mínima para aposentadoria de mulheres será 60 anos e não mais 63 – atualmente as russas podem obter o benefício com 55 anos. Para os homens, entretanto, não haverá mudanças: permanece um aumento de cinco anos, passando de 60 para 65 anos a idade mínima. O projeto está em tramitação no congresso.
Opositores à reforma da previdência argumentam que muitos não viveriam tempo suficiente para receber o benefício. Na Rússia, a expectativa de vida dos homens é de 66 anos e das mulheres, 77, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
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“A idade de aposentadoria para as mulheres não deve aumentar mais do que para os homens. É por isso que acredito que é necessário reduzir o aumento da idade de aposentadoria para mulheres proposto pela lei de 8 para 5 anos”, disse Putin, que defende o projeto de lei alegando que a reforma permitirá estabilidade do sistema previdenciário no futuro.
“As mudanças propostas no sistema previdenciário permitirão não só manter o nível de renda dos aposentados, mas, o mais importante, garantir seu crescimento estável. De um modo geral, nos próximos seis anos, poderemos aumentar anualmente a aposentadoria para pensionistas em 1.000 rublos (US $ 14,7)”, declarou o presidente em um discurso televisionado. Atualmente a idade mínima para aposentadoria na Rússia é a menor na Europa.
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A mudança na proposição vem em um momento crítico para o governo. Putin viu seus índices de aprovação caírem para os piores níveis desde a explosão do sentimento patriótico em torno da anexação da Crimeia, em 2014. A confiança em Putin caiu abaixo de 38% nas duas primeiras semanas de julho, o nível mais baixo desde dezembro de 2011, segundo a estatal VTsIOM. Outra pesquisa constatou que 80% se opõem à reforma da previdência, com 43% dos entrevistados dizendo que se juntariam a protestos locais contra o projeto. Grupos de oposição organizaram manifestações contra o plano para 9 de setembro.
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